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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Filme de animação é criado por meio de colaboração via web

E O Oscar de melhor curta de animação vai para... uma comunidade de internet? O anúncio intrigante foi veiculado no final do ano passado, no Facebook, por uma empresa iniciante chamada Mass Animation, e deu início a um projeto que muita gente em Hollywood considerava risível: produzir um filme de animação com duração de cinco minutos por meio do modelo criado pela Wikipédia. Animadores de todo o mundo contribuiriam com imagens, e os usuários do Facebook votariam em suas preferidas.


Mas a ideia funcionou. O projeto finalizado, Live Music, foi considerado pela Sony Pictures Entertainment como interessante o bastante para exibição em salas comerciais.

A Sony vai levar a história de um amor fadado ao fracasso entre uma guitarra elétrica e um violino às massas que frequentam os cinemas multiplex, a partir de 20 de novembro, como atração de abertura para Planet 51, um longa de animação produzido pelo estúdio.

"As redes sociais podem operar como uma espécie de caça-talentos automatizado, ajudando o que existe de melhor a chegar mais rápido a posições de destaque, e foi isso que aconteceu no caso de Live Music", diz Michael Lynton, presidente-executivo e do conselho da divisão de entretenimento da Sony. "Embora a criatividade esteja distribuída de forma bastante ampla na sociedade, nem sempre é fácil aproveitar esse filão".

Pouca gente espera que Live Music venha a conquistar um Oscar, ou até mesmo uma indicação para o prêmio. Ainda assim, até a Pixar teve de começar em algum lugar, e o entusiasmo da Sony pelo curta sublinha o potencial das redes sociais para a criação de conteúdo de alta qualidade.

O mercado - publicitário, de jogos eletrônicos e, evidentemente, Hollywood - está ávido por material, especialmente animações, que possa ser produzido de maneira mais rápida e barata. Live Music foi realizado a um custo de cerca de US$ 1 milhão, e levou um ano para ser concluído. A Intel, que espera usar o filme para divulgar seu novo processador Core i7 entre os profissionais de animação, foi o principal patrocinador.

O filme concluído é composto por cenas enviadas por 51 pessoas, cada uma das quais recebeu US$ 500 por cena e menção nos créditos do filme por seus esforços.

Yair Landau, fundador da Mass Animation e antigo executivo de animação e produção digital na Sony, onde supervisionou a produção do filme Surf's Up, afirmou esperar que Live Music seja apenas a ponta do iceberg, para esse segmento. O objetivo dele é produzir um longa-metragem da mesma maneira, o que na prática significa transferir a parte pesada do trabalho às massas.

"Certamente considero que esse seja um primeiro passo para a democratização das práticas criativas de narrativa, em Hollywood", disse Landau. "Mas meu objetivo era primordialmente o de provar que se pode reunir um grupo de pessoas por intermédio da internet e produzir um trabalho de boa qualidade".

A Mass Animation é uma apenas uma entre as diversas empresas de entretenimento que estão trabalhando esse aspecto da "criação coletiva". A maior delas talvez seja a Aniboom, fundada em 2006 por Uri Shinar, um magnata israelense da mídia. A companhia se define como um estúdio de animação que opera via web, e criou uma equipe mundial de quase oito mil animadores, que subiram mais de 13 mil vídeos para a biblioteca da Aniboom.

Shinar planeja oferecer as melhores dessas contribuições às redes de televisão, como possíveis seriados, e aos estúdios de cinema, como possíveis longas-metragens. (Os criadores reterão alguma forma de direito de propriedade sobre o conteúdo.)

A Aniboom vem demonstrando forte potencial, e assinou diversos acordos nos últimos meses. A empresa anunciou recentemente um projeto semelhante ao Live Music, em parceria com a rede de TV Fox. A ideia seria uma competição para criar um novo especial de final de ano. A Aniboom organizou a competição para a Mass Animation, no caso de Live Music, e forneceu a infraestrutura de tecnologia. "Estamos provando, em pequenos passos, que é possível criar conteúdo de qualidade profissional sem que seja necessária a existência de um estúdio físico", disse Shinar.

Landau, antigo executivo de banco de investimento e responsável, na Sony, por conseguir os direitos de adaptação cinematográfica do Homem-Aranha, sempre gostou de apoiar ideias pioneiras. Na Sony, ele defendia os jogos onlines para grande número de jogadores antes que estes conquistassem espaço junto ao público, e desenvolveu um serviço para download de filmes antes que a pirataria ocupasse o mercado.

Ele saiu da Sony no segundo trimestre de 2008, em parte devido a um desejo de mudança depois de duas décadas no estúdio mas também como resultado de uma reestruturação interna. Para o projeto Live Music, ele primeiro procurou Matt Jacobson, um amigo que trabalha em desenvolvimento de mercados no Facebook, e este o apresentou aos executivos da Intel. ("Aproveitamos a oportunidade para nos envolver em um projeto na vanguarda da mídia social", disse John Cooney, gerente de programas online da Intel.)

Usando o Facebook, a Mass Animation convidou entusiastas da animação - de completos amadores a profissionais trabalhando em seu tempo livre - para concorrer na criação de tomadas individuais do projeto. A Mass Animation oferecia o software Maya de animação, para download pelos participantes, bem como um roteiro e storyboard. A empresa também produziu a primeira cena, para ditar o estilo e aparência do projeto. Landau em seguida colaborou com os vencedores de maneira a enquadrar aquilo que criaram em um todo coeso.

Ao final do processo, 57 mil pessoas, de 101 países, eram fãs da Mass Animation em sua página de Facebook, e cerca de 17 mil delas baixaram o software de animação, conta Landau. Os 51 animadores que venceram a disputa vivem em 17 países, entre os quais o Cazaquistão e a Colômbia. Onze dos escolhidos são mulheres - o setor de animação de Hollywood conta quase que exclusivamente com mão-de-obra masculina -, e as idades dos participantes variam dos 14 aos 48 anos.

Jacobson definiu certos aspectos do projeto como "demoniacamente complicados", mas disse que o Facebook agora deseja trabalhar com a Mass Animation em ideias mais ambiciosas, talvez até no sonho de um filme de longa-metragem. "Não sabíamos se seria possível fazê-lo, mas decidimos correr o risco e não poderíamos estar mais satisfeitos como o resultado", ele afirmou.
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