A chave para descoberta é o DNA de Kostenki 14, um dos mais antigos fósseis humanos modernos, de 37 mil anos, encontrado na Rússia. Os pesquisadores sequenciaram o genoma do Kostenki e perceberam que os genes eram semelhantes aos de europeus ocidentais e siberianos, mas diferente dos asiáticos. Pelo menos é o que dizem os registros do período Paleolítico.

Outra revelação surpreendente é que Kostenki 14 tinha DNA mais próximo do neandertal do que os europeus atuais, provavelmente porque cruzamentos entre humanos modernos e neandertais eram ainda recente naquela época, datados de 54 mil anos atrás.

O fóssil Kostenki 14 recebeu seu nome de um povo homônimo localizado no Oeste da Rússia, em Voronezh, perto do Rio Don. A vila é conhecida pela presença de figuras do Paleolítico Superior, entre 30 mil e 40 mil anos atrás, e alguns ossos foram classificados como anatomicamente humanos modernos. O genoma de Kostenki 14 não só revela a separação antiga entre europeus e asiáticos, mas também que a estrutura genética dos europeus atuais tem pelo menos 37 mil anos e, portanto, sobreviveu à última idade do gelo.

Esse fato também foi uma surpresa para os cientistas, já que a estrutura genética da Europa se deve em parte a uma migração mais tardia do Oriente Médio, no grande movimento populacional que estendeu de Leste a Oeste as técnicas da revolução neolítica, iniciada com a invenção da agricultura há cerca de 10 mil anos.

Os cientistas acreditam que os ancestrais desses povos do Oriente Médio já haviam cruzado com os caçadores do Paleolítico em tempos mais arcaicos. A estrutura da população europeia, portanto, já era complexa há 37 mil anos.