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Segunda-feira, 06 de maio de 2024

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REFLEXÃO

Política com tempero: E agora, José?

Política com tempero: E agora, José?
Brasília, sem qualquer sombra de dúvidas, é um lugar fantástico. Tudo passa por aqui. Aqui onde o poder é, na verdade, virtual, porque o poder real que é o poder financeiro e econômico fica mais ao sul, em São Paulo, onde de fato as coisas acontecem. Mas só acontecem porque aqui são geradas e fora daqui executadas. Mas o Poder, como expressão de influenciar as decisões e a vida das pessoas, é está aqui.


Aqui a qualidade de vida não fica a dever nada a qualquer outra capital brasileira e tem-se ainda a sensação de estar vivendo em outro mundo, onde somos espectadores de um grande teatro. Você cruza a cada instante, mesmo fora do Congresso, com figuras importantes da vida nacional que fazem p arte do seu dia a dia nos telejornais.

Pessoas que entram na sua casa e que, ao serem entrevistados, parecem ser os seres capazes de transformar o mundo em que vivemos. Os grandes reformadores das mazelas da sociedade. Todos têm soluções na ponta da língua, só não sabem executá-las.

Brasília é capaz de conviver com a crise que hoje toma conta do Senado da República e se espalha para todo o país, sem que os atores desse drama tenham a exata dimensão da forma como ele entra na casa e na vida das pessoas.

A crise hoje localizada no Senado já passou pela Câmara com mensalões e sanguessugas, pelo Executivo com Waldomiros Diniz, pelo Judiciário no embate entre o Presidente Gilmar Mendes e o ministro Barbosa que levou o debate pra sarjeta, ao acusar Mendes de manter capangass em MT. No TCU, com decisões de ministros altamente eivadas de suspeição, sem contar as estatais, entre elas a Petrobrás que é, hoje, o grande gancho da briga política pra 2010.

A Petrobras, e aí vai ser a grande discussão, não rege seus contratos pela Lei 8.666. Tem regime próprio através de decreto assinado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. São mais de cinqüenta mil contratos. Isso mesmo: cinqüenta mil contratos em execução com uma legislação própria. E frágil. E daí? Será que querem mesmo investigá-la?

As grandes discussões, quase agressões, a que se assiste nos embates dos plenários da Câmara e do Senado, transformam-se em conversas amigáveis nos restaurantes, pontos de encontro após o horário do teatro transmitido pelas TVs.

Alguém em sã consciência, mesmo aqueles que se acham os maiores moralistas, acredita que o presidente Sarney é o único responsável por todas as mazelas que tomam conta do noticiário da vez? Os outros senadores, de olho na renovação de dois terços do Senado em 2010, querem, agora, se mostrar vestais, guardiães da moral, como se tudo que está sendo mostrado hoje fosse novidade, fosse algo que nunca, jamais tivessem sequer ouvido falar... É o DEM, que há mais de 10 anos comanda a Secretaria do Senado, aquela que autoriza licitações, atos secretos, pagamentos nebulosos, pra se livrar da acusações agora diz que não tem nada com isso.

E o país finge que acredita nisso também. A grande maioria não gosta de lembrar que durante o processo eleitoral, qualquer que seja ele, sempre se procura um jeitinho de se beneficiar: o apoio a A ou B dependendo do emprego pro filho, a bolsa de estudos da filha, o contrato de fornecimento para beneficiar a empresa, enfim, aquelas coisas todas que conhecemos, mas que são atribuídas apenas à classe política, como se ela fosse a única responsável. Nessa hora é muito fácil mandar e-mails, comentar nas rodas, discursar que esse país precisa tomar jeito.

Mas qual é, na verdade, a responsabilidade de cada um de nós?
Quando se fala em ética – sempre a que se cobra dos outros – a gente não se lembra, por comodidade ou vergonha, de que somos os primeiros a sonegar impostos, a ofertar a propina ao guarda quando nos flagra na infração de trânsito, não nos lembramos dos pedidos de desconto feito aos profissionais liberais, dispensando-os do recibo que gerará imposto, porque é melhor, muito melhor, sonegar Quantos de nós já não ouvimos que é preciso sonegar porque o governo cobra impostos demais e oferece serviços de menos. Entremos, então, no jogo.

O que quero dizer com tudo isso é que essa é a cara do Brasil. O Congresso Nacional representa um corte vertical na sociedade brasileira. Lá estão representantes de todos os segmentos. Bons e ruins. Não se pode, de repente, querer expiar todos os pecados de um povo, sem colocar também na balança qual é o verdadeiro papel que desempenhamos.

É muito fácil acusar alguém. A imprensa faz isso todos os dias e aniquila vidas. Erros enormes já foram cometidos e nós continuamos a pré julgar. O benefício da dúvida, algo tão difícil de ser conseguido nos direito individuais, só se aplica quando nós somos os acusados. Os outros, quando acusados, são condenados sumariamente e citados como exemplo de corrupção e outras coisas mais. E os nossos ‘’atos ‘’secretos’’? Aqueles que não temos coragem de repartir com nossas mulheres, nossos filhos e que são, às vezes, piores do que as alardeadas pela imprensa que atingem as pessoas públicas? Aquelas coisas que fazemos e que não temos coragem de falar sobre elas em qualquer roda de amigos.

Mas, na verdade, o que vale é a pressão de que a imprensa exerce no imaginário popular. E Sarney é a bola da vez. Será o cordeiro oferecido por Lula para o sacrifício, para matar a sede de sangue do povo. Pobre Sarney, que poderia ser o presidente da Academia Brasileira de Letras e terminar sua biografia com as sujeiras produzidas ao longo da sua longa carreira debaixo do tapete, mas resolveu ser Presidente do Senado pela terceira vez. E contrariou o PT, pois já havia prometido seu voto. Pra salvar a filha, o filho, o neto e outros parentes, entrou em um jogo que os dias de hoje já não admitem. Deu-se mal e vai ser crucificado. Sua biografia vai ser marcada, não pelo processo de redemocratização, mas do presidente patrimonialista que, em defesa apenas dos seus, comprometeu a sua biografia.

Vamos viver, acredito. Apesar do recesso que não se vai implantar. Dias de novo terrorismo. Vai ser uma guerra que tem dia e hora pra acabar: 03/10/2010.
Quem serão os atores principais?

Isso é tema para outra conversa. Dessa vez, recheada de temperos

*Ricarte de Freitas é advogado e ex-parlamentar estadual e federal por Mato Grosso. ricartef@gmail,com
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