Chega a 34 o número de presos na operação Terra Prometida, desencadeada na última quinta-feira, 27, pela Polícia Federal em Mato Grosso, para o combate a crimes de um esquema de exploração de áreas destinadas a reforma agrária no Projeto de Assentamento Itanhangá/Tapurah. Um total de 18 pessoas ainda são procuradas pela pela PF, dentre elas quatro servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Até o momento, outros quatro agentes públicos concursados foram presos na ação.
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PF aponta 80 famílias como grandes beneficiárias de esquema que rendeu R$ 1 bilhão; conheça núcleos
A estimativa é de que o uso indevido para exploração de verdadeiros latifúndios geraram lucro que atingiu a cifra de R$ 1 bilhão.
Ainda segundo a Polícia Federal, já teve início o processo de análise dos depoimentos e materiais apreendidos para posterior encaminhamento ao Ministério Público Federal (MPF). No total, a Justiça Federal determinou o cumprimento de 140 mandados de busca e apreensão nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Nova Mutum, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Itanhangá, Ipiranga do Norte, Sorriso, Tapurah e Campo Verde. Isso além do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A investigação apurou que o grupo criminoso, formado por fazendeiros, empresários e grupos do agronegócio, procurava obter uma verdadeira “reconcentração fundiária” de terras da União que haviam sido destinadas à reforma agrária. Com ações ardilosas, uso da força física e até de armas, compravam a baixo preço ou invadiam essas áreas.
Para a manutenção do comércio ilegal e reconcentração de terras da reforma agrária, no decorrer dos últimos dez anos, a organização criminosa fez uso de documentos falsos, ações de vistoria simuladas, termos de desistência fraudados e dados inverídicos incluídos no Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária (SIPRA/INCRA), propiciando que grandes latifundiários, grupos de agronegócio e até empresas multinacionais ocupassem ilicitamente terras da União destinadas à reforma agrária.
De acordo com a Polícia Federal, a quadrilha era bem organizada e contava com núcleos específicos de atuação, que garantiam a ‘posse’ das terras, assim com a legalização das mesmas. Famílias de 'barões' do agronegócio são apontadas pela PF como envolvidas no esquema. A estimativa é de que pelo menos 80 famílias tenham se beneficiado com o esquema.