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Segunda-feira, 20 de maio de 2024

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IMPASSE JURÍDICO

Acrimat denuncia "manobra" feita por frigorífico

O impasse entre o frigorífico Independência e os pecuaristas está longe de ter um fim. Isso porque o plano de recuperação judicial apresentado pela empresa não atende as expectativas dos produtores. A Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat) acusa o frigorífico de fazer uma manobra e conseguir aprovar o plano junto aos credores.


“O plano de recuperação judicial apresentado pelo frigorífico Independência é uma manobra, uma artimanha financeira, para ganhar a maioria dos votos na assembléia de credores que certamente terá que ser realizada”, disse o superintendente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.

A conta é simples. O plano de recuperação judicial apresentado pelo Frigorífico Independência prevê o pagamento imediato aos credores com crédito de até R$ 80 mil. Este percentual representa 45% dos pecuaristas e 65% do saldo devedor dos produtores. Os demais credores o percentual é ainda mais alto, chegando a 70% com dívidas a receber de até R$ 80 mil e isso representa 95% do montante total.

“Esse é o papel das entidades representativas, que é o de identificar as reais intenções das propostas feitas pelas indústrias frigoríficas e foi nas entrelinhas que identificamos essas intenções não reveladas de forma explícita, no plano de recuperação judicial do Independência. Com a maioria dos CPFs (credor individual) pago, facilita a aprovação do plano”, disse Vacari.

O presidente da Comissão de Produtores Credores de Frigoríficos em Recuperação Judicial e representante da Acrimat, Marcos da Rosa, faz outra conta para mostrar a ‘manobra’. “O Independência identificou que os R$ 80 mil resolveria o problema deles, pois se aumentassem a proposta para pagar de forma imediata R$ 200 mil, esse percentual atingiria 1% a mais, ou seja, 46% dos pecuaristas, e isso seria indiferente”, disse Marcos da Rosa. “É uma jogada inteligente para que continuem recebendo boi gordo suficiente para o abate e assim trabalhariam pelo próximo três anos, até pagar os demais pecuaristas”, explicou.

“A injustiça com os produtores é muito grande, pois a nossa dívida (pecuaristas) representa 5% do montante geral da dívida do Independência de R$ 3,5 bilhões, somando pouco mais de R$ 240 milhões, principalmente as instituições financeiras”, disse revoltado o representante da Acrimat.

“Nós não vamos permitir que usem o pecuarista mais uma vez. Vamos alertar o pecuarista, que está nesse percentual de R$ 80 mil a receber, que ele não tem nenhuma garantia de que não será vítima de novos calotes. No plano de recuperação não foi apresentado argumentos de que a empresa tenha capacidade financeira para continuar trabalhando e pagando o pecuarista”, disse Luciano Vacari. Ele ressalta que os pecuaristas devem ficar atentos, pois terão 30 dias, a contar da data de publicação, para apresentar objeções ao plano “e será de fundamental importância a participação consciente de todos”.

O Plano

No plano de recuperação judicial que o frigorífico Independência apresentou a seus credores e à Justiça consta a proposta de transformar a empresa em uma holding e a criação de uma nova companhia operacional. Com a divisão seria criada uma holding, a Independência S.A., e esta nova companhia operacional, que está sendo chamada de Nova Independência S.A., ou Nisa.

O plano prevê ainda um pedido de empréstimo de R$ 330 milhões para que o Independência pague as dívidas de R$ 270 milhões com pecuaristas e fornecedores com prioridade. O plano prevê pagamento imediato de dívidas de até R$ 80 mil e em 36 meses para quem tem uma dívida maior que este montante.
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