Os lojistas da rua 24 de Outubro, no centro da capital, que há anos reclamam da ausência da faixa verde (lei 4902/2006) no trecho entre as avenidas Presidente Marques e São Sebastião. Há cerca de quatro semanas, eles obtiveram parcial vitória na antiga luta e a rua finalmente recebeu a faixa verde. Porém, sistematicamente os funcionários da Procuradoria Geral do Município (PGM) continuam estacionando no local sem pagar e sem serem devidamente punidos.

Os carros com adesivos da Procuradoria não estão sequer sendo alertados pelos “verdinhos”, como são chamados os responsáveis pela venda dos cartões, por identificar os veículos sujeitos à multa e orientar a população sobre o pagamento.

Questionados sobre o real motivo pelo qual a lei vem sendo descumprida naquele trecho específico da cidade, os “verdinhos” garantem estar apenas cumprindo ordens de superiores, no caso da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL),  responsável pela orientação dos “verdinhos” e pela administração dos valores arrecadados.

Em entrevista concedida por telefone ao Olhar Direto, Ana Maria, gerente do Faixa Verde e funcionária da CDL, disse que ninguém possui privilégio quanto à cobrança pelo estacionamento e que a lei está sendo cumprida.

Afirma ainda que carros de órgãos públicos, devidamente identificados, não são obrigados à pagar pelo estacionamento, mas confessa que a lei não especifica o tipo de identificação dos veículos. Fato que, segundo ela, justifica o não pagamento por parte dos funcionários da Procuradoria.

A coordenação dos agentes de trânsito da SMTU desmente a CDL. Segundo a coordenação, apenas viaturas e carros oficiais em pleno exercício da sua função não precisam pagar para estacionar nas faixas verdes, o que não vem ao caso. Os veículos que estão estacionando na rua 24 de Outubro sem pagar nada são veículos privados, que apenas possuem o adesivo da instituição, o que não livra-os do pagamento.

Dativo Rodrigues da Silva Sobrinho, diretor de Trânsito da Secretaria Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), foi enfático ao dizer que procuradores não têm direito de livre estacionamento. “A lei não os ampara", argumentou.

Para os fiscais de trânsito multar quem não paga para estacionar é preciso que os “verdinhos” identifiquem os carros com o cartão de “sujeito à multa”. Porém, segundo o entendimento da CDL, eles podem estacionar lá de graça desde que tenham o adesivo da Procuradoria.

Queda nas vendas

Lojista há mais de 19 anos na rua 24 de Outubro, Ronaldo Rodrigues conta o quanto os carros parados em frente à loja vêm atrapalhando suas vendas. Segundo ele, a rotatividade de carros na rua diminuiu em 20%, prejudicando seus rendimentos.

Outra comerciante da rua, Camila Carelli, conta que essa situação prejudica todos, inclusive a arrecadação do município, uma vez que o comércio na rua vende cada vez menos.