Após exatos 42 anos dividindo a mesma cama, o casal Arnaldo Xavier de Freitas, 66, e Inoan Miranda de Souza, 60, ainda encontram disposição – e amor – para a realização de um sonho: o casamento formal, tradicional, com direito a vestido longo, buquê, festa e bolo de casamento. O “empurrãozinho” ficou por conta do Casamento Comunitário, que será realizado pelo Governo do Estado no próximo sábado, 25, com mais de quatro mil casais. Serão mais de oito mil histórias modificadas.

Prestes a provar a roupa para os últimos ajustes, Inoan tinha as mãos frias e suadas. A ansiedade não deixou de contagiá-la. “Parece que eu acabei de conhecer o Arnaldo”, brinca ela, dizendo que, apesar das mais de quatro décadas de união, está se sentindo uma moça.

Já Arnaldo diz estar bastante tranqüilo. Mas, as mãos inquietas revelam que a ansiedade também bateu por ali. “Ela vivia reclamando que nunca tinha realizado o sonho de casar”, revela, falando que se inscreveu no Casamento Comunitário para presentear a amada.

Ele acredita que as mudanças práticas não serão muito grandes. “Mas vai trazer mais segurança, principalmente para ela, que é legalmente casada agora”, afirma. Já Inoan diz que essa formalidade poderá facilitar em muitas coisas do cotidiano.

O casal tem quatro filhos e seis netos. A iniciativa do casamento, na verdade, veio de uma das filhas, que viu propaganda do Casamento Comunitário e incentivou os pais. Deu certo.

O casal conta que o evento está trazendo mais uma pitada de romantismo à união dos dois, e que será tudo “como manda o figurino”. Depois da cerimônia, eles reunirão cerca de 60 pessoas em uma festa. “Tenho certeza que vou chorar muito”, emociona-se Inoan.

Já a Lua de Mel, o casal não sabe se vai acontecer. Eles contam que a família inteira quer ir, como costumam ser as viagens anuais, com filhos e netos como companhia. “Aí não sabemos se vai dar”, brincam.

A história

Animados e brincando com a história do casamento – e afirmando que em 42 anos nunca caíram na rotina, Arnaldo e Inoan contam como se conheceram. O pai dela tinha um restaurante em Brasília, onde ambos moravam. Ele fazia as refeições lá. Eles ainda não se conheciam, mas cruzavam olhares.

Acontece que Arnaldo acabou de namorico com uma das garçonetes do restaurante. E Inoan, já encantada com o rapaz, conversou com a garçonete e apostou com ela que aquele seria o homem com quem ela iria se casar um dia.

Aposta feita, aposta cumprida. Alguns meses depois Arnaldo e Inoan estavam juntos. “Tive que jogar muito charme”, conta ela. “Nada. Ela era muito difícil...”, brinca ele.