A diretoria da Associação Mato-grossense dos Magistrados (Amam) poderá interpelar judicialmente a juíza auxiliar da Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso (TJMT), Juanita Clait Duarte, pelo fato de a magistrada ter apresentado uma relação de pagamentos de verbas extraordinárias liberados pelo Poder Judiciário a diversos juízes e desembargadores.

A interpelação judicial como também a abertura de um processo disciplinar foram deliberadas em uma Assembléia Ordinária, realizada nos últimos dias pela AMAM. Em outra ponta, um grupo de desembargadores reuniu-se com o presidente do TJ, desembargador Mariano Travassos, no sentido de cobrar providências quanto à atitude de Juanita Clait Duarte.

Para o Olhar Direto, o ex-corregedor de Justiça, desembargador Orlando Perri, informou ainda, que os desembargadores exigiram as certidões de pagamentos e que Travassos encaminhe-as ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Contudo, ressalta que nada foi feito até o momento.

Segundo consta do documento apresentado pela juíza, em 2004 foram efetuados pagamentos a 183 a juízes e desembargadores, sendo que, em 2005, outros 101 teriam sido beneficiados.

A magistrada aparece em relatório da Corregedoria de Justiça como suposta beneficiada de ter recebido mais de R$ 50,35 mil em janeiro de 2005 e depois R$ 200 mil em 18 de fevereiro. Detalhe: ela também foi acusada de ter sido usada para fazer repasses a uma loja maçônica, cujos membros teriam sido prejudicados num rombo financeiro da Pantanal Sicoob.

A lista que consta da defesa prévia encaminhada pela juíza ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi divulgada pela imprensa, fato que provocou revolta também nos onze únicos servidores do Judiciário apontados como supostos "receptores de pagamentos privilegiados". Esse grupo de servidores já constituiu advogado para processar a magistrada.

Um fato a ser destacado é que a juíza teria requerido e recebido a listagem de todos os servidores que receberam os pagamentos referentes a passivos trabalhistas na gestão do desembargador Paulo Inácio Dias Lessa, ex-presidente do TJMT.

Ou seja: obteve a informação de que mais de três mil servidores receberam os passivos,  preferiu citar apenas onze funcionários ligados a Perri e a Lessa. Os passivos são referentes a licenças-prêmio, diferenças de planos econômicos, abono pecuniário etc.

Além da lista juntada pela juíza em sua defesa, outras listas "vazaram" para a imprensa do próprio TJMT. Indagado pela reportagem a respeito da veracidade das listas, o desembargador Orlando Perri assegurou que, pelo menos duas delas, seriam “forjadas” na tentativa de prejudicá-lo, assim como a sua própria família.

A juíza evita falar sobre o assunto. Procurada pela reportagem do site Olhar Direto, Juanita disse apenas que o processo corre em segredo de Justiça e que não pode falar sobre o assunto.

Atualizada e corrigida às 21h50