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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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Bebê com doença rara é avaliado por especialistas após ordem judicial

Foto: (Foto: Divulgação)

Davi Miguel está internado desde o quinto dia de vida

Davi Miguel está internado desde o quinto dia de vida

No último dia do prazo determinado pela Justiça, especialistas em transplante do Hospital Samaritano, de São Paulo (SP), avaliaram na quinta-feira (5) o bebê Davi Miguel Gama, de 11 meses, para determinar se ele já está apto a passar por cirurgia.


Internado no Hospital Regional de Franca (SP), o menino sofre de inclusão das microvilosidades intestinais, conhecida como "diarreia intratável", doença que, de acordo com especialistas, somente poderia ser amenizada por um transplante disponível nos Estados Unidos.

O laudo dos médicos deverá ser apresentado em 10 dias, segundo a direção do hospital onde Davi Miguel está internado. O Hospital Smaritano não não deu mais detalhes do caso alegando impedimento judicial.

Sem condições de arcar com o tratamento fora do país, a família do menino entrou com um pedido na Justiça Federal para a União cobrir as despesas. Em outubro do ano passado, a decisão foi favorável, mas o governo federal recorreu e conseguiu suspender o efeito da liminar, com a justificativa que o menino ainda não apresenta as condições exigidas para o transplante no Hospital de Miami, onde o procedimento deverá ser feito.

Para averiguar tais condições, a 3ª Vara da Justiça Federal em Franca determinou fosse feita uma avaliação na criança por uma equipe especializada. “Não há dúvidas que o Davi precisa de transplante. O que os médicos vieram avaliar são as condições que ele se encontra para fazer o transplante e se há algo que possa ser feito em um grande centro de referência e que não está sendo feito aqui”, explicou Yasmine Taveira, gestora do hospital em que Davi está internado desde que nasceu. O laudo deverá ser entregue ao Ministério da Saúde até o dia 15 de março.

Segundo Yasmine, a avaliação da equipe aumentará as chances do bebê ser transferido para um hospital referência em transplante, para aperfeiçoar os cuidados com ele. “A equipe que o avaliou observou que ele está recebendo um tratamento que dificilmente vai ser diferente do que ele pode receber lá. O que eles têm de diferente é o conhecimento de trabalhar com crianças transplantadas. Mas o transplante que ele precisa, de intestino, ninguém no Brasil não faz”, comentou.

Expectativa
Yasmine também afirmou que o caso de Davi surpreende os médicos, já que a expectativa de vida de crianças com o mesmo problema de saúde costuma ser de apenas quatro meses.

“As crianças que têm a patologia dele não chegam à idade que ele chegou e não sobrevivem sem o transplante. O Davi é um sobrevivente e tem nos surpreendido todos os dias”. O menino completa um ano em 12 de março.

A mãe de Davi, Dinéia Gama, contou que o filho está estável e quase no peso ideal para o transplante: faltam apenas 460 gramas para os sete quilos exigidos. “Eu ainda achava que poderia ter um tratamento. Mas, infelizmente, o que eles falam é que só o transplante mesmo. Mas estamos quase lá”, afirmou.

O caso
Nascido em 12 de março de 2014, Davi Miguel não chegou a ficar uma semana na casa dos pais. No quinto dia de vida, o menino foi levado ao plantão médico com suspeita de infecção no intestino. Sem diagnóstico em Franca, o bebê foi encaminhado ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto(SP), onde passou outros 42 dias internado.

O diagnóstico da doença veio após uma biópsia e a família decidiu voltar para Franca. Desde então, o menino continua na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Regional.

A alimentação da criança é feita por meio de nutrição parenteral - com nutrientes e vitaminas introduzidos no organismo por cateter. Impossibilitado de ingerir leite materno, o bebê recebe um composto de aminoácidos para manter o intestino funcionando.

Por isso, a família de Davi Miguel entrou com um pedido na Justiça Federal para tentar fazer com que o governo brasileiro custeasse a cirurgia do menino – avaliada em cerca de US$ 1 milhão.

Em outubro do ano passado, o juiz Marcelo Duarte da Silva, da 3ª Vara Federal de Franca, determinou em liminar que a União providenciasse a internação do bebê nos Estados Unidos durante o tempo necessário, incluindo a cirurgia de transplante e o atendimento pós-cirúrgico que fosse recomendado pela equipe médica.

A União recorreu e conseguiu suspender o efeito da liminar em janeiro deste ano. A decisão foi proferida no dia 8 de janeiro pelo desembargador Fábio Prieto, presidente do TRF, justificando que seria inviável obrigar a União a custear o tratamento, uma vez que o bebê ainda não atingiu o peso mínimo de sete quilos para se submeter ao transplante.

Diante da suspensão da liminar, a 3ª Vara da Justiça Federal em Franca determinou que o Ministério da Saúde enviasse uma equipe especializada em transplante para avaliar o bebê.
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