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Domingo, 28 de julho de 2024

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Cientistas usam palavras em milhões de blogs para monitorar felicidade

Em 1881, o economista irlandês Francis Edgeworth imaginou uma estranha máquina que batizou de “hedonímetro”. O dispositivo seria capaz de “registrar continuamente a intensidade do prazer experimentado por um indivíduo”. Em outras palavras, seria um sensor de felicidade.


Na prática, e por décadas, cientistas sociais têm tido uma baita dor de cabeça tentando medir felicidade. Levantamentos têm revelado algumas informações úteis nesse campo, mas o grande problema é que as pessoas deixam de relatar ou acabam esquecendo seus sentimentos quando estão diante de um cidadão com uma prancheta na mão - é natural ficar na defensiva na condição de objeto (consciente) de pesquisa.

Nosso método só é razoável para uma imensa amostra de textos, coisa a que só a internet permite ter acesso"
Mas, o que aconteceria se existisse um mecanismo de monitoramento remoto que pudesse registrar de que forma milhões de pessoas ao redor do mundo se sentem de uma forma particular - sem que elas tenham conhecimento disso?

Foi exatamente isso que Peter Dodds e Chris Danforth, um matemático e um cientista da computação que trabalham no Centro de Computação Avançada da Universidade de Vermont, conseguiram tirar do papel. Eles concluíram que o dia da eleição de Barack Obama, 4 de novembro do ano passado, foi o mais feliz dos últimos quatro anos. O dia da morte de Michael Jackson foi um dos mais sorumbáticos.

Os resultados foram apresentados esta semana no “Journal of Happiness Studies” (sim, existe uma publicação específica para tratar do tema

“A proliferação dos escritos pessoais online nos dá a oportunidade de medir níveis emocionais em tempo real”, eles escrevem em seu artigo. A resposta para o sonho de Edgeworth começa com um site (www.wefeelfine.org, vale a pena dar uma conferida) que garimpa cerca de 2,3 milhões de blogs em busca de expressões como “Eu sinto” ou “Eu estou sentindo”.

“Reunimos cerca de 10 milhões de setenças”, conta Dodds. Então, munidos de uma régua de pesos psicológicos das palavras – com base no estudo “Affective Norms for English Words” (Padrões Afetivos para Palavras em Ingês, ou ANEW, na sigla em inglês), cada frase ganha uma nota de felicidade. No estudo ANEW, um imenso conjunto de participantes graduaram suas reações com 1.034 palavras, formando uma espécie de escala de “felicidade-infelicidade” que vai de 1 a 9. Para que não fique abstrato demais, eis alguns exemplos: a palavra “triunfante” ficou com a média 8.87. “Paraíso” ganhou nota 8,72. “Panqueca” vai bem na classificação e leva 6,08. “Vaidade” tem nota vermelha: 4,30. “Refém”, 2,2. “Suicídio” não leva zero, mas quase: 1,25.

“Nosso método só é razoável para uma imensa amostra de textos, coisa que só a web deixa disponível”, explica Dodds. “Uma sentença, isolada, pode não revelar muita coisa porque há muita variação na expressão humana.” Mas com um volume gigantesco de dados, a estatística pode entrar em campo.
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