As "dobras" da superfície do cérebro dos mamíferos, região chamada de córtex cerebral, estão entre as características mais distintivas do órgão. Mas quais regras determinam a formação dessas dobras?
Dois cientistas brasileiros resolveram investigar a questão e descobriram uma lei universal que rege a formação dos sulcos e giros cerebrais. A conclusão, publicada nesta quinta-feira (2) na renomada revista "Science", é que as dobras cerebrais são determinadas pela mesma fórmula matemática observada nas bolas de papel amassado.
A neurocientista Suzana Herculano-Houzel e o físico Bruno Mota, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fizeram uma análise sistemática de dados sobre o cérebro de diferentes espécies de mamíferos. Esses dados incluíam número de neurônios do córtex, área e espessura do córtex, volume cerebral e características das dobras.
O que eles encontraram foi uma fórmula que determina que a superfície exposta do córtex é proporcional à área total de superfície do córtex multiplicada pela raiz quadrada de sua espessura. Ou seja, o grau de "dobradura" do córtex aumenta de acordo com sua área total (cérebros maiores têm mais dobras) mas aumenta mais rapidamente nos córtex mais finos.
É exatamente o que acontece com as bolinhas de papel. Quanto maior a superfície do papel, maior o número de dobras que ele vai adquirir ao ser amassado. O número de dobras também é maior quanto mais fina for a folha.
Oura descoberta foi que o número de sulcos não tem a ver com o número de neurônios. Até então, cientisas acreditavam que o córtex cerebral se dobrava para permitir o aumento da quantidade de neurônios. Mas a nova pesquisa mostrou que as dobras dependem apenas da área e espessura do córtex.