O receio de sair de casa e a dúvida de saber como iria voltar eram visíveis nos rostos dos cuiabanos na manhã deste sábado, 11 de junho, após os ataques registrados na noite de sexta-feira, 10, e durante a madrugada. “Apreensão” e “perda do direito de ir e vir” eram as principais palavras ditas pela população.
 
O movimento na região Central de Cuiabá era normal, porém os olhares desconfiados do que acontecia ao redor era perceptível. “Preocupa sair de casa com essa situação. Perdemos o nosso direito de ir e vir. Nem porta podemos deixar mais aberta”, comenta o autônomo Pedro Pereira.

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Na Praça Ipiranga, localizada na Avenida Getúlio Vargas, o movimento de ônibus era normal no final da manhã deste sábado. O corretor de imóveis que identificou-se apenas como Toledo revelou ao Olhar Direto estar apreensivo. “O pessoal de dentro dos presídios estão mandando no Estado. Quem deveria estar no comando está calado”, pontuou.
 
Isabel Sonaqui é moradora da Agrovila das Palmeiras, localizada em Santo Antônio do Leverger. Ela tem dois filhos que moram no bairro Pedra 90, onde um dos ônibus foram incendiados. “Como mãe fico preocupada. Eles saem para trabalhar e não sabem como será a volta. É preciso resolver isso”.
 
A série de ataques começou na noite de sexta-feira em razão da greve dos agentes penitenciários de Mato Grosso que suspendeu as visitações e entregas de alimentos e cigarros para detentos nos presídios do Estado. Os servidores públicos cobram o pagamento de 11,28% referentes as perdas inflacionárias registradas no ano de 2015.

Catorze pessoas foram presas, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp), com suspeita de participação nos ataques a ônibus que ocorreram entre a noite de sexta-feira, 10, e a madrugada deste sábado, 11.
 
Como o Olhar Direto destacou, na noite de ontem uma motocicleta foi incendiada próximo ao Shopping Três Américas, no bairro Jardim das Américas.
 
Também foram registrados ataques à casa de um sargento da Polícia Militar e um agente penitenciário.
 
Das 14 pessoas detidas 10 foram presas acusadas de participarem dos ataques em Cuiabá e Várzea Grande. Outras quatro foram capturadas por ataques que ocorreram em Primavera do Leste (241 km da Capital). Na cidade localizada na região Sul de Mato Grosso vândalos atacaram uma van que estava abandonada e incendiaram uma viatura inutilizada.
 
Entre os suspeitos capturados pela polícia, está o suposto mentor dos ataques que estava preso na Penitenciária Central do Estado (PCE).