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Quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Notícias | Educação

Conheça a história de pais que são professores dos próprios filhos

Já imaginou levar uma bronca do pai em casa e chegar na escola e encontrá-lo pelos corredores? A ideia pode assustar alguns, mas a convivência extra é vista mais como um ponto positivo do que negativo pelos pais e filhos ouvidos pelo G1. Às vésperas do Dia dos Pais, comemorado no domingo (9), professores dos próprios filhos contam como é a relação na sala de aula e o que muda fora dela.


Murilo, por exemplo, aos 14 anos, ainda não se cansou das aulas de educação física do pai, mesmo após seis anos de encontros nas quadras da Escola Positivo, em Curitiba. "Ele é um professor bem legal e todos os meus amigos gostam dele. Fico orgulhoso. Se ele fosse chato, iria sobrar para mim", diz.

No entanto, se hoje essa rotina é tranquila, foi porque houve muita conversa antes. Logo no início, Murilo chorava quando o seu time perdia o jogo. "Ele era muito novinho ainda para entender e achava que deveria ter algum privilégio por ser filho do professor", conta Mauricio Delattre, 36 anos, rindo.

"Depois, ele passou a encarar a situação de uma forma mais natural e nunca mais tivemos problema. Às vezes, cobro mais dele do que dos outros alunos para dar o exemplo."

Este ano será o último em que Mauricio dará aula para o filho. "Estou com saudade desde já. Vou sentir falta, mas vai ser bom para ele conhecer outros professores", diz, resignado.

No caso de Jorge Silvino da Cunha Neto, a situação foi vivida em dose tripla. Professor de ensino religioso do Colégio Santo Américo, em São Paulo, ele já deu aula para uma filha e, atualmente, outros dois filhos são seus alunos.

"Foi interessante. Cada um reagiu de um jeito. Um tentava ser o mais aplicado da turma, outro ficou mais retraído e o terceiro levava as aulas da mesma maneira que os colegas", afirma. "Mas sempre foi muito gostoso, além de ser um privilégio conviver com os filhos num ambiente acadêmico."

Jorge se diz ainda aliviado por nunca nenhum deles ter dado problema nos estudos. "Se eles fossem para o conselho de classe, que é quando avaliamos se o aluno será reprovado ou não, eu teria que pedir licença para não participar e deixar os professores à vontade."

A caçula, Beatrice, de 11 anos, estranhou ao ver o pai em sala de aula pela primeira vez, mas se acostumou logo. "Faço todas as atividades para não levar bronca." Ela conta ainda que sempre tem quem a procure para fazer trabalho. "Deve ser porque sou filha de professor, mas digo que já tenho o meu grupo."

Até no carro
Algumas vezes, as aulas de inglês de Gabriela, 9 anos, acontecem até dentro do carro. "Se estiver tocando uma música no rádio e ela reconhecer uma palavra que aprendeu em sala, fico todo orgulhoso", conta Maurício de Albuquerque Leite, 32 anos, professor do idioma no Colégio Santa Maria, em São Paulo.

Ele se considera um pai de sorte. "É muito bom conseguir acompanhá-la de perto e passar alguma coisa da minha experiência profissional."

E, até mesmo quando a convivência fica restrita aos corredores, há vantagens em dividir o mesmo ambiente com os filhos na opinião de Sérgio Barbosa de Souza, professor de língua portuguesa do Colégio Dante Alighieri, também na capital paulista.

Por uma norma da escola, ele dificilmente dará aula para algum dos seus três filhos. "Seria uma experiência no mínimo curiosa e uma oportunidade para olhar a relação de um outro ângulo." Apesar disso, ele não lamenta. "Fico tranquilo só de saber que estão por perto". Para os filhos, haverá pelo menos a garantia de sempre ter uma carona pontual para o colégio.
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