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Segunda-feira, 19 de agosto de 2024

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Sem emprego nem documentos, haitianos trabalham como camelôs no centro de Cuiabá

Foto: Rogério Florentino Pereira

Sem emprego nem documentos, haitianos trabalham como camelôs no centro de Cuiabá
Arilia Pierre precisa repetir o nome mais de três vezes para que algum brasileiro a entenda: Ari-lia Pier-re, diz ela com tom didático. A língua, no entanto, é a menor das dificuldades para a haitiana de 45 anos que veio para o Brasil em 2014 em busca de emprego.


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Agora, já instalada, ela sofre com a falta de emprego e com o “calote” levado pelo marido após ele se machucar no trabalho e ser demitido sem sequer receber auxílio por acidente. Eirelen Pierre, marido de Arilia, foi atropelado por uma betoneira e ficou com diversos ferimentos nos pés.

A solução encontrada pelo casal foi trabalharem juntos como camelô, na avenida 13 de junho no centro de Cuiabá. Apesar do papel de “vendedores”, Eirelen e Arilia conversam muito pouco com os clientes e se limitam a dizer “vendo” ou “vendendo” em um português mau formulado. Toda vez que algum cliente mais interessado para e começa a admirar os produtos um jovem alto de cerca de 20 anos se aproxima e oferece educadamente um espelhinho emoldurado.

O jovem é Jean Pierre, o terceiro membro da família no Brasil. Desconfiado, Jean não quis falar a idade, mas contou que é o único dos cinco filhos que veio ao país. O resto da família ficou no Haiti. Assim como o pai, ele trabalha junto da mãe o dia inteiro para ajudá-los a pagar o aluguel da casa onde vivem e para sobreviver na cidade.

Fiscalização

Pelo o menos metade dos vendedores ambulantes da rua 13 de junho são haitianos. A maioria deles compra e revende o material exposto em barraquinhas improvisadas na calçada, a beira de lojas de confecção e variedades. Os brasileiros normalmente se intimidam e evitam falar com os jornalistas. E maior do que o medo de não vender, é o medo da fiscalização.

Para tentar diminuir os vendedores informais e impedir que se proliferem pelo centro histórico da capital., a Prefeiturra de Cuiabá, realiza operações na região. De acordo com o código de trânsito, os vendedores ambulantes só podem permanecer nas calçadas se houver a liberação de 1,5 m para a passagem dos pedestres.

Arilia Pierre conta que, quando ocorre alguma dessas operações, os vendedores tem o material apreendido e, no caso dela e da família, a dificuldade para poder se sustentar triplica. Um outro imigrante que não quis se identificar informou que como nem todos os haitianos possuem documentos para trabalhar a melhor opção acaba sendo o emprego informal.  
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