Ainda em estado de choque, familiares e dezenas de amigos da jovem Ana Júlia Santana Almeida Feitosa,13, aguardavam pelo início de seu velório, no Centro Comunitário do Bairro Cristo Rei, em Várzea Grande, no início da tarde desta segunda-feira (30). O último adeus à garota, vítima de um acidente de moto no domingo (29), quando ela voltava de carona pra casa, mobilizou dezenas de jovens e moradores da região. Pessoas que faziam parte de sua rotina, e a viram crescer pelo bairro, onde nasceu. Ali, as lembranças do convívio com a garota dividiam espaço com a tristeza.
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A avó materna de Ana Júlia, Creunisse Nogueira, lembrou as qualidades da neta, com quem era apegada. “Ela era muito carinhosa conosco e querida por todos. Era uma pessoa franca, tudo que ela não gostava ela não falava. Se ela não concordava com algo, não aceitava. Tinha personalidade. Se ela tinha alguma coisa pra dizer, não deixava pra depois. Todo mundo falava que ela era uma versão mais nova de mim, porque éramos muito parecidas em tudo”, comentou segurando o choro.
Ela explica que a jovem era muito conhecida na região, onde a família vive há mais de três décadas. Também lamentou não ter tido tempo de saber os planos de Ana para o futuro. “Não havíamos conversado ainda sobre os planos dela pro futuro, o que ela gostaria de fazer, mas ela só trazia notas boas, era muito pra frente. Sábia mesmo. Ainda vai chegar mais gente porque aqui é uma comunidade onde todo mundo se ajuda, se conhece. Eu moro aqui há mais de 30 anos.”
De acordo com ela, a família ainda procura forças para conseguir lidar com o momento de dor extrema. “Minha filha precisou ser levada embora daqui. Ela está fraca, não está se sentindo bem. Ela saiu acompanhada por um grupo de amigos, porque não pode ficar sozinha. A gente tem medo que ela faça uma besteira, porque ela não está aceitando a morte da filha” explicou. Por volta de 13h o corpo da estudante ainda não havia sido liberado do Instituto Médico Legal (IML), onde o pai aguardava.
A diretora da Escola Estadual Dom Bosco, Alice de Jesus, onde Ana Júlia estudou desde a 1ª série, também comentou o caso, lembrando o quanto a garota se relacionava bem com os outros alunos. Segundo ela, este seria o motivo pela concentração de adolescentes no local.“Era uma aluna que não dava trabalho pra gente. Nunca precisamos chamar os pais por problema, não era um tipo de menina problemática. Como todo jovem, ela tinha uma turma enorme, formada por muitas meninas.”
A jovem morreu ao cair de uma motocicleta e ser atropelada por um ônibus da empresa Integração transportes, no cruzamento da Avenida 8 de Abril com a Avenida Ipiranga, em Cuiabá. O acidente foi registrado por volta das 21h30, depois que um dos veículos não respeitou a preferencial invadindo a faixa contrária a sua. Ela estava na garupa e foi parar embaixo da roda do veículo. O piloto, identificado como A.W.S, tem 16 anos de idade e não sofreu ferimentos graves.
De acordo com Creunisse, os jovens estavam na Arena Pantanal, onde Ana foi deixada por sua mãe. Lá ela aceitou uma carona do rapaz para voltar para casa. “Eles eram todos conhecidos, aí ela aceitou a carona e aconteceu essa tragédia”, lamentou a avó.
