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FURTOS DE MADEIRA

Cooperativa pede segurança em assentamento após decisão proibir vigias para impedir roubo de madeira

13 Out 2017 - 20:12

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Cooperativa

Caminhete que sofreu atentado em agosto deste ano.

Caminhete que sofreu atentado em agosto deste ano.

Trabalhadores da Cooperativa Mista Agropecuária e Pastoril do Assentamento Ena (Cooperena), no município de Feliz Natal (a 538 km de Cuiabá), denunciam o risco iminente à segurança da comunidade, um mês após a conclusão da “Operação Risp” desencadeada pela Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (SESP) para combater roubos e furtos de madeira na região.  A assessoria da Sesp informou que as forças policiais deixaram o local por conta de uma decisão judicial solicitada pela Polícia Civil. 

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Conforme relatos dos cooperados, os conflitos provocados pela disputa de madeira naquele assentamento estão escravizando as famílias que tem direito legítimo na exploração da reserva. 

“São vítimas todos os dias da organização criminosa instalada no interior da Reserva, eles estão fortemente armados, e com um poderio de maquinários para a extração de madeira, sendo 12 tratores, Skids e Pás carregadeiras. Em menos de 30 dias mais de 12 mil metros cúbicos de madeira foram roubados, um prejuízo que ultrapassa a R$ 5 milhões. Estamos à mercê do crime, e as Polícias Civil e Militar nada fazem, permanecem omissas”, desabafa o presidente da Cooperena.

Segundo a denúncia, os assentados deixaram de fazer novos Boletins de Ocorrências (BO), temendo represálias. “Temos medo, pois quando denunciamos os roubos e os responsáveis por eles, fomos sacrificados, os bandidos eram conduzidos e liberados em seguida, e as queixas provenientes dos Boletins de Ocorrências ficam paralisadas. O que as autoridades locais fazem com os cooperados é um absurdo, precisamos de uma séria investigação, pois já denunciamos o responsável por organização às invasões e roubos no local”, explica Vilson Cimadom, prestador de serviços da Cooperena, Prisco Marques de Oliveira.

A solução:

A alternativa viável para a situação, segundo os cooperados, seria o retorno da equipe de Vigilantes, profissionais que haviam sido contratados pela Cooperativa no primeiro semestre do ano. Porém os conflitos aumentaram, desencadeando a “Operação Risp”, que determinou a suspensão da presença dos vigilantes.

“A decisão da justiça apenas favoreceu os bandidos e todos os envolvidos no roubo da madeira”, desabafa Pristo. “Estamos vivendo a inversão dos direitos, os bandidos estão sendo privilegiados, e nós vítimas somos massacrados, e tratados como bandidos. Estamos tendo violados nosso Direito Constitucional de deliberar sobre nosso patrimônio legítimo”.

A Cooperena estima que a presença dos vigilantes no local coibe mais de 80% dos roubos e furtos da madeira. “A Polícia nunca conseguia impedir os roubos e furtos, e com a suspensão dos Vigilantes, seremos novamente massacrados".

“A Reserva precisa ser protegida, os assentados precisam ter respeitado o direito à propriedade e ao trabalho, mais de 200 famílias de assentados estão vivendo na miséria. Esta situação se prolonga porque protege pessoas e empresários que se beneficiam com a nossa madeira. É uma grande injustiça”, pondera Pristo.

Entenda o caso:

Fundado há 16 anos, o assentamento tem mais de 300 lotes e só foi regularizado em 2013. Atualmente cerca de 240 famílias ocupam a área de mais de 30 mil hectares, sendo que cerca de 16 mil hectares é reserva florestal legal, não sendo permitida a exploração.

Em 2014, foi formada uma cooperativa de assentados que passou a fazer a gestão do manejo florestal, viabilizando a extração das árvores. Todo o lucro da comercialização seria partilhado entre os cooperados, em comum acordo.

Entretanto, reiteradas retiradas de madeira geraram caos na cooperativa, que decidiu contratar um serviço de vigilância patrimonial, sendo agora um serviço suspendo por determinação judicial.

Para tentar desqualificar o trabalho dos vigilantes, os grileiros espalharam um terror no município, alegando que os profissionais contratados estariam utilizando fuzis.

A cooperativa defende, por outro lado, que a atividade dos vigilantes estaria em completa consonância com as normas que regem a categoria, as armas por eles utilizadas, que não correspondem a fuzis, estão em consonância com a Lei 7.102/1983. 

*Atualizada às 18h44
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