O DEM vai tentar enquadrar senadores da legenda que estariam dispostos a votar favoravelmente ao senador José Sarney (PMDB-AP) no Conselho de Ética do Senado em reunião marcada para amanhã. O PSDB espera contar com os três votos do DEM, além de outros três do PT, para conseguir reverter o arquivamento de denúncias e representações contra o presidente da Casa.

Dos três integrantes do DEM que atuam no conselho, dois pediram ao líder do partido, José Agripino Maia (RN), para não participar da votação dos recursos contra Sarney. O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), primeiro-secretário da Casa, se mostrou impedido por integrar a Mesa Diretora da instituição ao lado de Sarney. Heráclito vem se mantendo neutro nas acusações contra o peemedebista por considerar que, como primeiro-secretário, não pode tomar partido nas críticas ao parlamentar.

O senador Eliseu Resende (DEM-MG), por sua vez, também pediu a Agripino para ser substituído na votação de quarta-feira. Resende alega que tem ligações pessoais com Sarney, de quem é amigo há 45 anos. O senador afirmou, em conversas com aliados, que Sarney foi o responsável por incentivá-lo a disputar o governo de Minas Gerais na década de 80 por isso teria uma espécie de "dívida de gratidão" ao parlamentar.

Agripino, porém, disse que os três votos do DEM no Conselho de Ética serão favoráveis à abertura de processos contra Sarney nem que para isso tenha que substituir eventuais dissidentes na reunião de quarta-feira. O líder já conversou com Resende, mas promete retomar o diálogo nesta terça-feira para definir se o democrata vai participar da votação.

"A posição do DEM é pelo afastamento do presidente Sarney, o que leva à tese em favor da abertura das investigações no Conselho de Ética. Há elementos de sobra para garantir uma investigação. São tantas as evidências somadas que pelo menos uma decida ser passada a limpo", disse Agripino à Folha Online.