O delegado Christian Cabral, titular da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran), deu a sua versão sobre o fato ocorrido na última sexta-feira (17), quando um vendedor ambulante teve seu veículo apreendido durante uma blitz realizada com os OCR – aparelhos que fazem a leitura automática de placas. Segundo a autoridade policial, o carro do rapaz estava com os documentos atrasados há 12 anos e em nome de outra pessoa. Além disto, ele ainda deixou os próprios filhos dentro do carro e no sol, conforme relato do policial.

Leia mais:
Com documento atrasado, vendedor ambulante tem carro apreendido em blitz e não tem como trabalhar;vídeos
 
“Quem fez a abordagem deste vendedor fui eu. Ele estava com licenciamento de 2005, são 12 anos de licenciamento atrasado e o documento sequer estava no nome dele. Então, ele poderia ter sido avisado com um, dois, quatro dias de antecedência que não iria regularizar a situação”, explicou o delegado ao Olhar Direto.
 
Além disto, o delegado também relata uma situação que o deixou bastante frustrado durante a abordagem ao vendedor: “Isso não foi o pior. Quando o parei, disse que estava bastante irregular a situação, que seria apreendido e, devido ao calor, pedi que ele tirasse as crianças e colocasse dentro do nosso ônibus, que tem ar condicionado e água. Depois, continuei a fazer os procedimentos necessários e quando olhei, o vi na sombra, com o telefone e ligando para alguém”.
 
“Logo depois, olhei para o carro e vi a cabecinha da menina mais velha dentro do veículo ainda. O chamei e perguntei por que as crianças estavam lá. Estava expondo as crianças ao perigo, ordenei que ele tirasse os menores de lá, estava muito calor, a temperatura ficou entre 38ºC a 41ºC”, continuou o delegado, se mostrando revoltado com a situação.
 
Sobre as reclamações quanto a blitz, o delegado explica que eles são necessárias para conscientizar e diminuir o número de veículos irregulares na capital mato-grossense: “Além disto, tem a questão da segurança viária. Esse veículo não paga os impostos e seguro DPVAT há mais de uma década. O que aconteceria se alguém que anda certo se envolvesse em um acidente com ele? É por isso que fazemos estas blitzes. A primeira questão é segurança no trânsito, evitar que o pior aconteça. Não queremos apenas atender as ocorrências quando não podemos fazer mais nada para salvar as vidas”.
 
O caso
 
O vendedor ambulante Luis Felipe, de 30 anos, foi um dos motoristas que teve seu veículo apreendido. Ele foi abordado com os filhos e contou ao Olhar Direto que precisa do seu veículo para trabalhar. O motorista reclamou também da falta de possibilidade de regularizar sua situação antes de ter seu veículo apreendido.


 
“Meu carro está com o documento atrasado. Agora, eu trabalho para mim, sou vendedor ambulante, meu veículo é que puxa meu trailer. Minha mulher está trabalhando e eu estou com meus filhos, olha a situação que eu estou, eles acham que estão certos? Eu não estou certo com o documento, estar devendo, mas deviam notificar e dar prazo, tudo tem uma justificativa. Eu deixei minha esposa no serviço e estava comprando produtos para trabalhar. Isto aqui está errado”, disse.
 
Vários motoristas tiveram seus veículos recolhidos durante a blitz da Delegacia de Delitos de Trânsito (Deletran), realizada na manhã desta sexta-feira (16), na Avenida Mário Andreazza, em Várzea Grande. No total, 60 veículos foram autuados em 60 minutos. Dois dos condutores que tiveram seus carros levados reclamaram da ação e da falta de opções dadas para a regularização. O Detran-MT busca a instalação de um posto para a regularização no local onde for realizada a blitz.