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Sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Notícias | Meio Ambiente

Usinas do Rio Madeira tentam evitar erros cometidos em Balbina

O Madeira é um rio largo, cheio de peixes e com grande população ribeirinha, que vive em função de suas águas. É o principal afluente do Rio Amazonas. Nasce na Cordilheira dos Andes, na Bolívia, com o nome Mamoré e corre por quase 1.500 quilômetros no meio da selva até desaguar no Amazonas.


É no Madeira, na altura de Porto Velho, capital de Rondônia, que o Brasil está construindo duas hidrelétricas gigantes: 'Jirau', e rio abaixo, bem perto, 'Santo Antônio'. Construir duas megausinas na Amazônia não assusta? O que vai acontecer com a floresta quando os reservatórios de água forem formados? Não muito longe do Madeira, um exemplo negativo: a usina de Balbina, ao norte de Manaus, considerada uma tragédia ecológica.

O primeiro erro foi que a mata não foi cortada. As árvores ficaram embaixo d´água. O lago, um cemitério de troncos, é agora um grande produtor de gás carbônico e gás metano por causa da decomposição orgânica. Balbina emite dez vezes mais gases de efeito estufa do que uma termoelétrica a carvão de mesma capacidade.

Isso pode se repetir no Madeira? "Nos nossos reservatórios não vão ficar um galho de árvore nem para lenha. Justamente para evitar a emissão desses gases que podem ocorrer problemas na camada de ozônio", afirma o diretor da Usina Jirau, José Lúcio Gomes.

Erro número dois em Balbina: ela foi construída em uma planície. O lago é enorme e a geração de energia, mínima. Os reservatórios das usinas do Madeira serão pequenos por causa do uso de turbinas tipo bulbo, que geram energia usando mais a velocidade da água do que a queda da água.

As duas usinas do Madeira terão uma potência 26 vezes maior do que a de Balbina, mas o reservatório será bem menor. Terão apenas um quarto da área do de Balbina. Mesmo com esses cuidados, as usinas vão destruir parte da floresta, inundar cachoeiras, deslocar famílias.

É o preço a pagar na Amazônia, avalia Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobrás no primeiro governo Lula e um dos maiores especialistas do Brasil em energia. "Eu sou a favor de fazer as hidrelétricas mediante uma analise de cada caso, em que todos os benefícios e problemas sejam levados em conta. Então não é que se proíba, nem que se admita todas elas, mas sim que se decida caso a caso."

O físico acha que as usinas do Madeira são boa solução, ao contrário de Balbina. A decisão de construir Balbina foi tomada durante o regime militar. À época, o alerta de cientistas de que seria um desastre ambiental não foi levado em conta. Agora todos lamentam o resultado. A lição é que qualquer grande obra, principalmente na Amazônia tem que ser precedida de amplo debate. Não dá para ter pressa e cometer um erro sem volta.
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