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Quarta-feira, 08 de maio de 2024

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Faculdade dá celular e babá para atrair aluno

Foto: Reprodução

Faculdade dá celular e babá para atrair aluno
Fez o vestibular, ganha celular. Visitou a universidade, concorre a MP3 player. Para os já matriculados, academia gratuita e até babá para cuidar dos filhos pequenos durante as aulas.


A disputa crescente por novos alunos na graduação tem levado faculdades privadas a criar "mimos" para atrair e, depois, manter a clientela.

A Anhembi-Morumbi, por exemplo, mantém academias gratuitas em dois campi em São Paulo (Brás e Vila Olímpia). Rosa Moraes, diretora de relações institucionais, afirma que a ideia é manter os estudantes o maior tempo possível no campus --3.000 dos seus 25 mil alunos frequentam as academias.

Para ela, a diversidade de serviços não acadêmicos é um adicional. "O que queremos mostrar é a qualidade acadêmica."

A estudante Liliane Gama, 23, de turismo, frequentadora da academia, diz que se impressionou já no vestibular. "Tinha banda, brinde. Aqui tem praça de alimentação, estrutura. Isso conta", diz a estudante, que paga mensalidade de R$ 934.

No Centro Universitário UniSant'Anna, que tem campi na capital e no interior, o aluno ganha um celular só por prestar o vestibular. "Faça o vestibular e ganhe um celular Claro para ligá-lo ao mercado de trabalho", diz a propaganda no site.

A UniSant'Anna disse que não comenta a promoção, pois "só fala de temas acadêmicos".

O serviço de babás foi uma das formas que a Faculdade Eniac, em Guarulhos (Grande SP), usou para se destacar. Por um extra de R$ 99 por semestre, o aluno vai estudar e deixa o filho numa sala de recreação. A mensalidade é de R$ 355.

"Muitos não estudavam por causa das crianças", diz o gerente de marketing da faculdade, Alexandre Rodriguez --200 estudantes usam o serviço.

"Só pude estudar por conta do serviço de baby-sitter", diz Christelle Poupet, 42, que acabou de se formar em marketing e tem um filho de 11 anos.

Pouca demanda

Dados do Ministério da Educação explicam o porquê da disputa acirrada, aluno por aluno. Em cinco anos, o número de vagas nos vestibulares das particulares cresceu 70%; o de alunos novos, 30%. Com isso, há 1,3 milhão de postos vagos.

"Como a disputa pelo aluno é cada vez maior, as universidades vão atrás de "mandrakarias'", afirma o consultor Carlos Monteiro. "O aluno ganha Ipod, telefone, caneta, mas não consegue o principal, um emprego." Monteiro, porém, faz uma ressalva e defende programas como o de babás: "São primordiais para o aluno estudar".

Oscar Hipólito, ex-diretor do Instituto de Física da USP-São Carlos e pesquisador do Instituto Lobo, diz que a preocupação deveria ser melhorar o ensino. "As faculdades parecem empresas de celular, que fazem de tudo para atrair o cliente e, depois, viram campeãs de reclamação", afirma.

A reportagem identificou a oferta de "mimos" em seis universidades privadas. Cinco tiveram conceito mediano na avaliação federal (nota 3 no Índice Geral de Cursos, que vai de 1 a 5). Uma ficou abaixo do nível adequado (UniSant'Anna, com nota 2).
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