A final feminina dos 800 m roubou a cena ontem no Mundial de Berlim. Com a autorização da Iaaf, entidade que gerencia o atletismo mundial, a sul-africana Caster Semenya, 18, pôde competir --e conquistar-- a prova.

Depois de ganhar o Mundial juvenil com um incrível desempenho, a atleta levantou suspeitas a ponto de surgir o rumor de que a sul-africana seria hermafrodita.

"Para mim, não é uma mulher. Essa aí eu considero homem", disse a italiana Elisa Cusma, que chegou em sexto lugar na mesma prova.

Antes da competição em Berlim, a Iaaf solicitou à federação sul-africana informações e exames da atleta.

A federação a defendeu, mas, em acordo com a Iaaf, aceitou exames para comprovar o sexo de Semenya.

"Entramos em contato com a federação sul-africana para saber se eles têm documentos que permitam comprovar o seu sexo, mas é preciso saber que é um processo complexo, que necessita tempo e custa caro", disse Nick Davies, porta-voz da Iaaf, que não definiu uma data para a divulgação do resultado do exame.

Blindada pela Iaaf, a atleta não se pronunciou depois do triunfo na prova. Esta foi a primeira vez que uma campeã, em Berlim, não participou da entrevista coletiva.

"Entendemos que as pessoas possam fazer perguntas porque ela parece um homem. A curiosidade é humana", disse o técnico da atleta sul-africana, Michael Seme.

Semenya conquistou a medalha de ouro nos 800 m com a maior diferença da história da competição em relação atleta que foi a segunda colocada --1min55s45, 2s45 mais rápido do que a queniana, Janeth Jepkosgei Busienei.

Nenhuma das outras corredoras que disputaram a final quis comentar sobre o assunto após a corrida.

Hoje, Semenya, Busienei e a britânica Jennifer Meadows, terceira colocada, devem receber as suas medalhas durante a cerimônia de premiação, realizada no estádio Olímpico.