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Terça-feira, 13 de agosto de 2024

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Mapa das Facções

Mato Grosso é o único Estado do Brasil 'dominado' pelo Comando Vermelho

Foto: Voyager

Mato Grosso é o único Estado do Brasil 'dominado' pelo Comando Vermelho
Um levantamento realizado pelos pesquisadores do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/SP) aponta que Mato Grosso é o único Estado do país dominado pela facção criminosa denominada ‘Comando Vermelho’. Camila Nunes Dias e Bruno Paes Manso são autores do livro recém-lançado "A Guerra --A Ascensão do PCC e o Mundo do Crime no Brasil".


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Em Mato Grosso, há 25 membros de facções criminosas para cada agente da PF
 
No mapa mostrado pelo levantamento, apenas Mato Grosso aparece como ‘dominado’ pelo Comando Vermelho. Em outros - como Rondônia, Tocantins e Pará – existe um conflito entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e filiais do CV.
 
Consideradas as duas principais facções do país, PCC e Comando Vermelho estão em confronto direto pelo domínio da rota de tráfico de drogas e dos presídios.
 
"A chegada do PCC no mercado de drogas de outros estados produziu enorme instabilidade dentro e fora dos presídios, promovendo alianças e rivalidades violentas, tendo um reflexo no aumento das taxas de homicídios, como ocorreu principalmente nos estados do Norte e Nordeste", afirmam os pesquisadores.
 
O PCC foi formado em 1993 e tinha como inspiração o lema "Paz, Justiça e Liberdade”. Já o Comando Vermelho foi criado no final dos anos 1970, ainda durante a ditadura militar. As duas facções eram aliadas até o segundo semestre de 2016, quando entraram em uma ‘guerra declarada’.

Números em Mato Grosso
 
Em Mato Grosso, há aproximadamente 25 membros do Comando Vermelho de Mato Grosso (CVMT) e do Primeiro Comando da Capital (PCC) para cada agente da Polícia Federal (PF).
 
O Comando Vermelho possui nada menos que sete mil membros identificados em Mato Grosso, entre presos e soltos, revelou recentemente o delegado de Investigação e Combate ao Crime Organizado, Ricardo Ruiz. O PCC, principal concorrente do 'Comando', possui cerca de 400 e 500 em MT até o momento.
 
Confome os delegados, o maior desafio da PF hoje é conduzir investigações que permitam prever e previnir a explosão dos chamados "salves", política de ataques sequenciais com objetivos específicos (como libertação de presos e negociação de transferências em presídios).

 
O mais duro deles, até hoje, não pôde ser evitado. No dia 10 de junho de 2016, no período noturno, Reginaldo Aparecido Moreira - um dos líderes da facção – determinou que os membros CV provocassem uma série de incêndios em ônibus de transporte público na região metropolitana de Cuiabá. A ordem foi acatada e trouxe pânico à população.

Guerras
 
Outro grande receio da PF são as chamadas "guerras de facções", com destaque para CV e PCC, cujo enfrentamento e disputa por mercado de drogas e armas chega ao ápice, com ordens de assassinato. A faísca já foi acesa: "Dias atrás houve um homicídio de uma integrante do CV por um membro do PCC. Foi feita a prisão deste membro, inclusive com participação da força tarefa na investigação e há sim este receio. Estamos trazendo informações de outros Estados", avaliou a PF. 

Combate ao crime
 
O delegado titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Diogo Santana Souza, afirmou – em entrevista recente ao Olhar Direto – que não há em Mato Grosso uma organização criminosa com poderia para enfrentar o Estado. A unidade policial tem atuado fortemente contra os grupos e visa atingir os criminosos no bolso: “É onde eles mais sentem e pode ser o caminho para acabar com estas facções”.



“Sabemos que nossas ações incomodam o crime organizado, mas temos que mostrar, por meio de ações firmes e fortes, que quem manda no estado são as forças de segurança pública. Não temos aqui em mato Grosso, implantado, um poderio de organização criminosa que possa enfrentar o estado”, comentou o delegado.
 
Sobre como cessar a atuação destas facções no Estado, Diogo acrescenta que “sempre batemos na tecla de que o enfrentamento a organizações criminosas tem que ser constante e contundente. Não nos iludimos achando que uma grande operação vai resolver os problemas aqui. Fazemos uma ação já pensando na outra. Precisamos atacar em várias frentes, procurando desarticular. Apreendendo armas, munições, entorpecentes”. (Com informações do UOL)

Segurança Pública

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) lembra que problemas relacionados às facções são históricos e atingem todos os estados da federação. Porém, "tem atuado efetivamente e de forma estratégica, reprimindo ações criminosas mediante emprego da atividade de inteligência. Por meio da integração entre órgãos estaduais e federais, busca-se a prevenção e repressão qualificadas, representadas em inúmeras operações deflagradas".

Além disto, acrescenta que "este problema está relacionado ao sistema de justiça criminal (órgãos de segurança federais e estaduais, Ministério Público, Poder Judiciário e sistema penitenciário) e, portanto, vem promovendo amplo diálogo com as instituições. Como exemplo, destaca-se a operação integrada Red Money, que desarticulou uma rede integrante do Comando Vermelho não só com mandados de prisão, como também bloqueios de contas bancárias e imóveis. Desta forma, os órgãos de segurança e da justiça buscam descapitalizar as organizações criminosas, a fim de inviabilizar a atuação das mesmas".

"Outras operações são realizadas constantemente em todo o estado, como a Panópticos Integrada (91 mandados de busca e apreensão nas três fases), Ordem Pública (mais de 12 edições em todo estado), Décimo Mandamento (51 mandados de prisão e busca e apreensão), Insurgente (87 mandados de prisão e busca e apreensão), Ares Vermelhos (51 mandados de prisão cumpridos), entre outras. São ações destinadas a desarticular as organizações criminosas, além de reduzir índices criminais como homicídio, roubos e furtos", diz outro trecho da nota.

Por fim, a secretaria explica que "é importante frisar que Mato Grosso figura atualmente como um dos três estados do Brasil que mais investem neste setor, segundo o 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 2017, o valor per capita gasto pelo Estado com o setor foi de R$ 568,46, atrás apenas de Roraima e Acre, com a ressalva de que estes dois estados apresentam taxas mais altas de homicídios a cada 100 mil habitantes. A Sesp ressalta ainda que busca a aproximação com a sociedade civil organizada, como parceira na missão de garantir a segurança dos cidadãos mato-grossenses".

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