“Este não foi o primeiro e não será o último acidente que acontece naquela região da cidade”. A frase é do delegado titular da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran), Christian Cabral, que afirmou que se não houver alguma mudança na região da Praça Popular, a qual ele considerou uma ‘roleta russa’, casos como o do atropelamento de três jovens (com dois óbitos), em frente à Valley Pub, na avenida Issac Póvoas, irão voltar a ocorrer.

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“As vidas que se perderam, infelizmente não serão repostas e a dor dos familiares não será aplacada. Porém, nosso trabalho é importante para que a gente evite novos casos. São situações que poderiam ser evitadas se houvesse boa vontade de gestores públicos e proprietários de locais privados” pontou o delegado.
 
Christian ainda comentou que, se nada mudar, este não será o último caso de acidente no trecho. “Não foi o primeiro e não será o último que acontece naquela região da cidade, envolvendo frequentadores do estabelecimento Valley Pub. Espero que a morte prematura do Ramon e da Mylena possa ter um propósito positivo para a nossa vida e segurança”.
 
“Vale o apelo, diante da repercussão deste caso, para que gestores e empresários assumam suas responsabilidades sociais. Ali é uma região extremamente problemática, durante as madrugadas de finais de semana e feriados, é quase uma roleta russa você passar por ali nestes horários, em virtude dos riscos de acidente que pode sofrer. Não podemos continuar permitindo que estas situações perdurem com o passar do tempo”, enfatizou Christian Cabral.
 
O delegado fez questão de afirmar que, se houver alguma brecha na lei para que gestores públicos ou empresários sejam responsabilizados por acidentes deste tipo, eles poderão responder criminalmente. Neste caso da Valley, Christian pontua que, até o momento, não há esta hipótese.

O caso

Rafaela Screnci da Costa Ribeiro, 33 anos, atropelou três pessoas às 5h50 da manhã do dia 23 de dezembro, na avenida Isaac Póvoas, a poucos metros da faixa de pedestre, em frente à Valley Pub. Ela passou por audiência de custódia, pagou R$ 9,5 mil de fiança e foi liberada.

Um tempo depois, a justiça aceitou o pedido do Ministério Público Estadual (MPMT) e aumentou para R$ 28,5 mil a fiança para que a professora continuasse em liberdade.

Professora substituta da Universidade Federal de Mato Grosso, Rafaela dirigia uma caminhonete Renault Oroch. O atropelamento aconteceu no momento em que o público deixava a casa noturna. De acordo com testemunhas do acidente, o veículo estava em alta velocidade quando colidiu com o trio. Além de bater nas três vítimas, o carro conduzido por Rafaela ainda se chocou com um Gol.
 
O carro só foi parar após o semáforo. Imagens registradas por testemunhas e pela Polícia Civil revelam o estado em que ficou o carro após a colisão. A estudante Myllena de Lacerda Inocencio, de 22 anos morreu no local, Ramon Alcides Viveiros foi resgatado com vida, mas não resistiu e faleceu cinco dias depois. 

Conforme adiantado pelo Olhar Direto, Hya recebeu alta médica do Hospital Geral, onde estava internada, na noite do dia 14 de janeiro. Informada sobre a morte dos amigos, ela ficou bastante abalada. Ela ainda sofreu ataques nas redes sociais, por pessoas que reprovam sua postura no momento do acidente.

O laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) apontou que Rafaela seguia em seu veículo Renault Oroch a uma velocidade estimada de 54 km/h, com margem de erro de 4 km/h, sendo que a velocidade da via é 50km/h. Porém, uma nova perícia - feita nas imagens de câmeras de segurança, poderá indicar outra velocidade.