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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Scheifer relatou suposto abuso de cabo ao comando do Bope dois dias antes de ser morto com tiro no peito

Foto: Ilustração

Scheifer relatou suposto abuso de cabo ao comando do Bope dois dias antes de ser morto com tiro no peito
O tenente Carlos Henrique Scheifer comunicou ao comando do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) suposto desvio de conduta do cabo da Polícia Militar Lucélio Gomes Jacinto dois dias antes de ser morto pelo colega de farda com um tiro no peito, em ocorrência de assalto em Matupá. Lucélio Gomes Jacinto foi denunciado pelo Ministério Público ao lado do terceiro sargento Joailton Lopes de Amorim e do soldado Werney Cavalcante Jovino pela morte de Scheifer.


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Documentos obtidos com exclusividade por Olhar Direto trazem mais elementos sobre a investigação. Na denúncia do Ministério Público Estadual, consta que o crime teria sido cometido para evitar que a vítima adotasse medidas que pudessem responsabilizar os militares por desvio de conduta em uma ação que resultou na morte de Marconi Souza Santos, um dos membros da quadrilha perseguida por Scheifer e sua equipe. Santos teria sido morto por um tiro de fuzil disparado por Jacinto.
 
Em depoimento concedido nesta quinta-feira (11), o tenente-coronel José Nildo Silva de Oliveira, que era o comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) na época da morte de Scheifer, garantiu que não havia desavença entre o tenente morto e os demais membros da equipe. Negou a existência de fato anterior à morte que pudesse justificar uma ação planejada. O ex-comandante do Bope declarou não confiar na versão apresentada pelo Ministério Público e acredita que o tiro foi acidental.
 
Documento que reportagem teve acesso, no entanto, revela que, em 11 de maio de 2017, Scheifer comunicou ao comando do Bope denúncia que havia recebido de uma advogada, cujo cliente teria sido vítima de ação abusiva de Lucélio Gomes Jacinto. As informações repassadas por Scheifer ao comando do Bope acabaram logo arquivadas. Dois dias depois, o tenente foi enviado para atender ocorrência de assalto a banco em Matupá, ao lado de Jacinto, ocasião em que foi morto.


 
No termo de declaração colhido por Scheifer, a advogada relata que Lucélio Gomes Jacinto agiu de forma abusiva e a agrediu. O policial teria ido à casa da mãe da comunicante, à paisana, acompanhado de mais dois policiais para realizar uma busca. O irmão da advogada foi detido por estelionato e os parentes a acionaram. Ao ir à Central de Flagrantes, a advogada acabou agredida.
 
A denunciante informou que ao chegar ao local, se identificou como advogada e se deparou com a equipe que havia atuado na ocorrência. O cabo Jacinto estava sem farda e dentro da viatura. Policiais que estavam fardados afirmaram que não haviam feito nada com rapaz detido. O conduzido, no entanto, informou que o cabo Jacinto havia lhe agredido. A advogada se dirigiu a Jacinto e afirmou que ele não poderia ter agredido seu irmão. “Eu quero ver você provar que eu agredi o seu cliente”, teria desafiado Jacinto, de acordo com o termo de declaração ao qual Olhar Direto teve acesso.
 
“Já que você não quer se identificar, eu vou tirar uma foto”, teria dito a advogada, uma vez que Jacinto estava sem farda. O relato dá conta de que neste momento o cabo desferiu um soco na vítima e só não desferiu outro porque foi impedido por uma testemunha. Ainda de acordo com ela, Jacinto teria batido em sua mão, derrubando o celular no chão e quebrando uma unha dela.  
 
A ocorrência aconteceu em 5 de maio de 2017. Ela relatou o caso a Scheifer em 9 de maio e o tenente encaminhou ao comando do Bope as informações prestadas no dia 11 daquele mesmo mês. Scheifer morreu no dia 13.

Prisões 

Quase dois anos após a morte do policial, os três denunciados foram presos. No último dia 16 de março, o juiz Marcos Faleiros determinou as prisões considerando a garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal e periculosidade dos indiciados.

Depoimentos

Apesar de presos desde 16 de março, o cabo Lucélio Gomes Jacinto; o 3º sargento Joailton Lopes de Amorim e o soldado Werney Cavalcante Jovino só devem ser ouvidos no próximo dia 17 de junho, às 13h30, no Fórum de Cuiabá.

Nestas duas últimas semanas foram ouvidas na 11ª Vara Criminal as testemunhas de acusação. No último dia 3 de abril foram ouvidos os militares: cabo Alex Sander de Souza Vizentin; sargento Antônio João da Silva Ribeiro; tenente Herbe Rodrigues da Silva; tenente-coronel Cláudio Fernando Carneiro; e tenente Jonas Puziol.
 
Já nesta quinta-feira (11) foi ouvido tenente-coronel José Nildo Silva de Oliveira, que à época do crime era o comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), do qual Scheifer, bem como os acusados, fazia parte.

Confira abaixo o documento encaminhado por Scheifer ao tenente-coronel José Nildo Silva de Oliveira dois dias antes da operação em Matupá. 



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