“Conversa fiada”, foi assim que o deputado Wilson Santos (PSDB) classificou o encontro com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a quem chamou de insensível após debate acalorado durante reunião na Assembleia Legislativa. Os ânimos ficaram exaltados depois que o tucano cobrou uma atuação mais incisiva do Governo Federal na resolução da crise da Santa Casa. Mandetta se negou a responder o parlamentar, deixou o edifício Dante Martins de Oliveira visivelmente irritado e também não quis falar com a imprensa.

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Ministro da Saúde afirma que só aportará recursos na Santa Casa se houver seriedade e planejamento

“Eu defendo que o Ministério coloque alguém dentro da Santa Casa, porque virou uma confusão aqui. Que venha alguém do Ministério e que se libere uma parcela, sob tutela do Ministério, para pagamento de salário atrasado e para custeio mínimo para reabrir a Santa Casa. A aula de gestão que o ministro tem tentado passar é importante, mas não nesse momento, agora é preciso socorrer, estamos em estado de necessidade. Depois ele aplica essas aulas de gestão no Ministério dele ou onde quer que seja. Demonstrou que é um ministro de pouca sensibilidade”, criticou o deputado.
Mais cedo, durante evento de lançamento de campanha nacional pela vacinação, o ministro havia declarado que o Ministério da Saúde só aportará recursos para a Santa Casa de Cuiabá quando houver “seriedade e planejamento” por parte da instituição.

Mandetta tem acompanhado de perto a situação da Santa Casa, desde antes da paralisação das atividades do hospital. O ministro recebeu inúmeras visitas em Brasília do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), se reuniu com a bancada federal de Mato Grosso, com vereadores da Capital e até mesmo com os ex-diretores da unidade. O objetivo dos encontros era viabilizar recursos para pagamento dos salários em atraso, mas até o momento nenhum centavo foi destinado ao hospital.

No início deste mês a Assembleia Legislativa de Mato Grosso anunciou a destinação de R$ 3,5 milhões ao hospital e a mesma quantia seria repassada pela Prefeitura de Cuiabá. O montante deveria ser utilizado exclusivamente para o pagamento dos salários, mas o Ministério Público de Mato Grosso impediu a transferência.

“A [Santa Casa] de Campo Grande também me pede, quer recurso, quer recurso. [Mas] aquela fase do quero dinheiro me dá aí, sem um impacto, sem planejamento, sem um plano... Onde nós vamos chegar com o gasto publico? Está muito dura a carga tributária em todo o país. Não é por causa do apelo de uma instituição A, B ou C que a gente vai deixar de ter o profundo zelo pelo dinheiro publico”, defendeu o ministro, antes de se reunir com os deputados.

No comando da Assembleia Legislativa, a deputada Janaina Riva (MDB) lamentou o bate-boca protagonizado por Wilson e Mandetta, disse que o deputado tucano foi “deselegante e inapropriado”, concordou com as colocações do ministro da Saúde e fez duras criticas à gestão da Santa Casa.

“Uma reunião pouco produtiva, com muito discurso. O senador Wellington foi muito feliz quando colocou que foi mais uma reunião com pouca resolução. A partir da fala dele que eu me estimulei a falar. Quer dizer, todos que estavam naquela mesa tem plano de saúde particular, se precisar pega avião e vai para São Paulo. Tem que ter sensibilidade. Homem público tem que ter sensibilidade com o povo. Está faltando sensibilidade. É um show de vaidades o que está acontecendo, eu nunca vi uma coisa dessas. Eu saí daqui frustrado, esperava mais sensibilidade, não vi solução”, pontuou Wilson Santos.