A senadora Selma Arruda (PSL) usou a tribuna do Senado Federal, nesta terça-feira (23), para discursar pela primeira vez a respeito do julgamento que cassou seu mandato no Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso. Bastante emocionada, a pesselista precisou interromper sua fala diversas vezes para secar suas lágrimas, se disse perseguida pelos juízes que a condenaram e prometeu “limpar” seu nome e sua dignidade em Brasília, onde em sua opinião passará por um julgamento “mais isento”. Veja a íntegra do pronunciamento de Selma abaixo.
Selma Arruda teve seu mandato cassado, por unanimidade no TRE de Mato Grosso, no dia 10 de abril. No entendimento do Pleno, a juíza aposentada promoveu arrecadação de recursos e fez gastos com serviços considerados de natureza eleitoral antes do período de campanha.
A legislação determina que arrecadação e gastos eleitorais só podem ser efetivados a partir da data da convenção partidária. Em seu voto, o desembargador Pedro Sakamoto, relator do caso, narrou que foram feitos pagamentos à Genius At Work para a produção de materiais de áudio e vídeo (como jingles), antes do período eleitoral permitido. Os pagamentos foram feitos com cheques, no nome do suplente de Selma, Gilberto Eglair Possamai.
O desembargador também citou outros gastos de campanha de Selma que não teriam sido contabilizados e que ultrapassaram o teto de gastos de campanha, além do empréstimo no valor de R$ 1,5 milhão que recebeu de seu suplente.
No discurso desta terça-feira, Selma – que até então só havia se manifestado através de nota – rebateu todos os itens elencados por Sakamoto em sua condenação e argumentou que acredita sofrer represálias, mesmo após ter deixado o Judiciário, por conta de sua atuação enquanto juíza. A pesselista recorreu da decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM), bem como outros parlamentares, garantiram apoio e solidariedade à Selma no caso.
Após o discurso da senadora, o primeiro senador a se inscrever e manifestar apoio foi o líder do PSL no Senado, Major Olímpio. “Não há a menor dúvida de que os enfrentamentos que você fez para fazer valer a Justiça, levando a Justiça, como você mesma disse, àqueles que se imaginavam além, inalcançáveis à Justiça e que transformaram a Justiça Eleitoral do Mato Grosso a Justiça Eleitoral do Mato Grosso numa injustiça plena”. O líder do PSL acredita que a decisão pode ser revertida no Tribunal Superior Eleitoral. “Que os tribunais superiores e, principalmente, a verdade e, se Deus quiser, a luz divina vão resgatar algo que você nunca perdeu e nunca vai perder, que é a dignidade, é o respeito”, finalizou.
O senador Kajuru (PSB-GO) foi um dos primeiros a declarar apoio à senadora em suas redes sociais. O manifesto foi repetido em plenário. “Eu não fui só o primeiro Parlamentar a manifestar-se publicamente, em minhas 30 redes sociais, demonstrando meu apoio e minha confiança em sua honradez, Senadora Selma Arruda. Eu senti o seu sofrimento porque também fui o primeiro a lhe telefonar, em um domingo à noite. Eu quero aqui, Presidente, aproveitar este momento de solidariedade total de muitos nesta Casa à Senadora Selma para reiterar meio apoio”, disse.
A também senadora pelo PSL-MS, Soraya Thronicke, apontou como meteórico o andamento do processo movido contra a senadora Selma. “Eu quero fazer me solidarizar com a Senadora Juíza Selma, que é minha amiga. Hoje eu considero a Juíza Selma minha amiga. Desde o dia que nos conhecemos, após a eleição, todos os dias ela me surpreende. É de uma coragem impressionante! É meteórico o andamento do processo da Juíza Selma. É algo nunca visto. Eu nunca vi a Justiça andar tão rápido, ser tão eficiente e ineficiente ao mesmo tempo, porque a gente conhece processo. E, para o povo brasileiro entender, regras processuais foram atropeladas, documentos considerados falsos, cheques considerados falsos foram utilizados para a decisão unânime. Isso eu chamo de abuso de poder econômico, porque a gente não sabe mais o que é o quê. Isso não é processo; isso é perseguição política, perseguição política dentro do Judiciário”, enfatizou.
O senador Eduardo Braga (MDB-AM) externou apoio e solidariedade. “Eu quero aqui externar, em nome do nosso Partido, a nossa solidariedade à Senadora e dizer que o depoimento da Senadora na tribuna foi um desabafo, e S. Exª passou muita sinceridade, passou indignação e passou a todo o povo brasileiro a noção daquele que respeita as leis e daquele que respeita a justiça. Portanto, Juíza Selma, receba, em nosso nome e do nosso Partido, a nossa solidariedade”, disse.
O senador Eduardo Girão (PODE-CE) também se manifestou. "Nós estamos em várias comissões juntos, e a senhora sempre presente, sempre dedicada, uma das primeiras a chegar, assiste de forma atenciosa a todas as explanações para votar com consciência. Muitas vezes, nós ficamos no seu gabinete, já a vi saindo daqui às 10 horas da noite, 11 horas da noite, preocupada com as pautas e, sobretudo, com essas pautas de injustiça, que o Brasil sofre para não avançar”, disse. Também se manifestaram Roberto Rocha (PSDB), Lasier Martins (PODE-RS), e Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
Veja abaixo a íntegra do pronunciamento da senadora cassada:
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