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Terça-feira, 19 de março de 2024

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tradição ameaçada

Raizeiro há 25 anos, comerciante de VG não sabe para onde ir após notificação da Prefeitura

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Raizeiro há 25 anos, comerciante de VG não sabe para onde ir após notificação da Prefeitura
Há vinte e cinco anos, o baiano Manoel Soares, 71, acorda às 5h da manhã para vender raízes e produtos naturais em sua barraquinha, que fica estacionada em frente à Praça Aurea Braz, no bairro Cristo Rei, um dos maiores de Várzea Grande. No último mês, no entanto, recebeu uma notificação afirmando que ele teria que sair dali o mais rápido possível. Sem ter para onde ir, o comerciante teme até mesmo por sua saúde, já que sua aposentadoria não cobre nem o valor de seu plano de saúde.

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“A cidade está bem, estão trabalhando direito. O que eu estou assustado e abismado é que eu acabei de receber uma notificação da Prefeitura e do Ministério Público pra tirar todas as barracas. Falam que é denúncia, porque está usando o espaço. Deram 30 dias de prazo, e me assustou, porque eu não sei fazer outra coisa. Se eles arrumassem um lugar pra nós, o susto era menor. Mas não tem. Não tem outra alternativa. Meu ganha pão é esse”, lamenta.

A notificação chegou para cerca de dez comerciantes da região, primeiro da Prefeitura, e depois do Ministério Público.

Ana de Freitas Gomes, 44, goiana que tem há sete anos uma barraca de lanches e sucos, foi uma das prejudicadas. “Essa gestão está trabalhando até bem, está arrumando as coisas, começando as obras, terminando... mas em relação à gente que está trabalhando, a Prefeitura não está dando muito apoio não. Nós fomos notificados, temos 30 dias pra sair daqui, vai arrancar tudo. Só aqui nessa barraca são quatro famílias que dependem dela. Aqui são mais dez comerciantes. Eles estão alegando que nós estamos ocupando, mas não estamos. Está totalmente livre”, afirma.

Ana trabalha há sete anos e emprega cinco mulheres (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Segundo Ana, esta é a única queixa em relação à cidade. “É até uma traição por parte da Prefeitura. Eu, particularmente, sempre apoiei a Lucimar. Já fiz umas duas ou três entrevistas pra ela, e agora eu me senti traída. Não só eu, como todo mundo aqui, que apoiava ela. Porque ela tem como apoiar a gente, mas ela faz vista grossa e fala que não sabe o que está acontecendo”.

Até mesmo quem não foi diretamente atingido lamenta o ocorrido. É o caso de Antônio Pires, 87. Cearense, ele tem uma loja de doces há 40 anos no Cristo Rei, bem em frente ao local onde estão os comerciantes notificados. “Pra mim nunca apertou. Meu comércio é pouquinho, e ninguém me persegue porque não tem dinheiro, é coisa mínima. Nada disso tem problema, tudo certinho”, afirma. “[Mas] tem umas coisas que eles estão fazendo que está errado. Estão querendo tirar todo mundo ali das barraquinhas”, lamenta.

Antônio (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Outro lado

Procurada, a Prefeitura afirmou, por meio da assessoria, que "Existe uma recomendação do Ministério Público para cumprimento do Código de Postura do município que não permite comércio em calçadas e próprios públicos", e que "quem não estiver regular com alvará de funcionamento e respeitando as normas legais será notificado a sair". 
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