Depois do tráfico de drogas e armas, criminosos agora estão fazendo contrabando de remédios falsificados. O crime é um risco para a saúde de milhões de brasileiros.

As imagens da Interpol mostram fábricas clandestinas de medicamentos na capital da Colômbia e em outras três cidades daquele país, que estão localizadas perto da fronteira com o Brasil.

As condições de preparo impressionam. As máquinas são rudimentares e o local apresenta péssimas condições de higiene. Como matéria prima, os criminosos usam principalmente farinha e bicarbonato de sódio.

Dessa maneira são feitos comprimidos e ampolas. Falsificações de marcas famosas e de remédios importantes usados no tratamento do câncer, da pressão alta e até como estimulantes sexuais. Parte da produção acabava enganando pacientes brasileiros.

A Polícia Federal descobriu que a Colômbia faz parte de uma das mais recentes rotas de entrada de remédios falsificados no Brasil. Da Colômbia, o medicamento segue de avião para a Bolívia. Depois, o produto entra no Brasil transportado em caminhões até Cuiabá, em Mato Grosso, de onde é distribuído para as cidades da região e grandes capitais.

Até agora, a rota mais conhecida começava no Paraguai. Quadrilhas usam barcos para trazer o carregamento para o Brasil pelo Lago de Itaipu e pelo Rio Paraná. Foz do Iguaçu (PR) e Guaíra (PR) são, segundo as investigações, as cidades de onde a mercadoria ilegal é distribuída para todo o país.

“A logística importante é a logística do transporte. Aí é que nós temos que enfatizar o nosso trabalho, não deixar chegar esse produto no varejista para depois ser comercializado nas grandes capitais”, disse o delegado da Polícia Federal, José Mauro Nunes.

Os remédios falsificados chegam às mãos dos brasileiros, segundo a polícia, vendidos em farmácias que participam do esquema e até por camelôs. Mas o que mais preocupa os investigadores, hoje, é a participação cada vez maior de traficantes de armas e drogas nesse mercado.

Ano passado, foram encontrados medicamentos em 10% das apreensões de drogas e armas. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), só nos primeiros três meses de 2009 foram apreendidas 170 toneladas de medicamentos falsificados, contrabandeados ou de uso proibido no Brasil.

Para tentar evitar falsificações, o consumidor deve sempre exigir nota fiscal. Também deve checar se a caixa está lacrada e o selo de qualidade que só aparece depois que a marca de segurança é raspada.

“Nós temos visto nas ações policiais que nas farmácias onde os farmacêuticos estão presentes o índice de falsificação e de venda de produto irregular é menor do que nas outras farmácias”, disse o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello.