A sempre disputada Prefeitura de Várzea Grande traz neste domingo (15) a unificação de duas famílias tradicionais da segunda maior cidade do estado, que até o começo dos anos não tinham ligação alguma e agora caminham juntas pelo mesmo ideal: os Baracat e os Campos querem o Paço Couto Magalhães, sede do governo várzea-grandense.
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Mais um sobrenome de peso na política está na disputa. Filho do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), o deputado federal Emanuelzinho (PTB), um jovem de 24 anos, também busca ser o vitorioso na disputa que termina nesta noite. O candidato tenta mostrar que pode governar a cidade unindo espírito da juventude e a experiência e conhecimento dos atalhos de Brasília, descobertos nos últimos dois anos, para poder buscar recursos para VG.
Além disso, o pleito trouxe para as vitrines da política local o empresário Flávio Vargas (PSB). Curiosamente, entre dois candidatos cujos sobrenomes saltam aos olhos na Baixada Cuiabana, ele escolheu se apresentar ao eleitor como Flávio Frical, remetendo ao nome da empresa que comanda e optando por ligar-se ao ramo de atuação na vida privada.
A quarta opção para os várzea-grandenses é o candidato do Psol, conhecido popularmente como Miltão. Ele não é um novato na política, mas quase não teve tempo e espaço na mídia para expor suas ideias. Com poucos recursos financeiros, batalhou para poder manter a candidatura socialista em Várzea Grande. Miltão chegou a ir a alguns compromissos de ônibus, mas não deixou de comparecer nas agendas políticas durante o período de campanha.
Família, política e uma união inesperada pelo poder
Kalil Baracat, candidato do MDB, teve as bênçãos da atual gestão comandada por Lucimar Campos e seu esposo, senador Jayme Campos, ambos do DEM, para disputar a prefeitura. Essa história de unificação entre as mais tradicionais famílias da cidade vizinha de Cuiabá é recente.
A atuação na política da família Campos começou por volta de 1948 com o desbravar de Gonçao Botelho de Campos, tio dos irmãos mais famosos da política de Mato Grosso, Jayme Veríssimo de Campos, hoje senador, e Júlio José de Campos, candidato a suplente de senador pela chapa encabeçada por Nilson Leitão (PSDB).
Os Baracat chegaram um pouco mais tarde, com Sarita Baracat, que foi eleita vereadora pela cidade em 1957. Em 1966, após desistência do candidato oficial do Partido Arena na campanha para prefeitura, teve, por ser a presidente do partido, que assumir a empreitada. Assim, se tornou a primeira mulher eleita prefeita no estado, em 1967. Alguns anos depois, em 1978, foi eleita deputada estadual pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), consolidando a trajetória política em Mato Grosso.
Sarita é avó de Kalil. No passado, as famílias Baracat e Campos travaram várias batalhas políticas na cidade industrial. Porém, para manter o comando político em Várzea Grande, as famílias se uniram em 2020 e o casal Campos anunciou que para suceder Lucimar, Kalil, filho de Nico e neto de Sarita Baracat, seria o candidato a prefeito no pleito deste ano.
Parece coisa de filme, mas os mais antigos dizem que o DEM jamais se uniria com o MDB em Várzea Grande ou até mesmo em Mato Grosso, mas as coisas mudaram e a união foi além do aperto de mão entre as famílias.
O principal desafio de Kalil é continuar a manter a cidade um verdadeiro canteiro de obras e concluir projetos começados por Lucimar Campos. Além disso, tem de alinhar com o governo a continuação de obras estaduais, como a conclusão do VLT e Parque Tecnológico. Outra missão, caso eleito será tentar transformar a cidade novamente em um território industrial, com implantação de novas empresas e criação de empregos.
Kalil aparecerá na urna, para os eleitores de Várzea Grande, com o número 15. Ele tem como vice um componente do DEM. José Hazama, que é atual vice-prefeito continuará no cargo caso Kalil seja eleito nesta noite.
Kalil, desde o primeiro ato político, recebeu apoios fortes da política. Em seu lançamento, num evento com a presença de milhares de pessoas, ele contou com o governador Mauro Mendes (DEM), o senador Jayme Campos, senador Wellington Fagundes (PL), diversos deputados e outros políticos declarando apoio. Nesta semana, ele inclusive se reuniu com o governador para poder alinhar alguns projetos que já poderão entrar em pauta durante o período de transição, caso seja eleito.
Emanuelzinho – A tentativa de expansão política dos Pinheiro
O candidato do PTB, Emanuelzinho, já é político desde 2018, quando se candidatou a deputado federal e saiu vitorioso. Filho do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), tenta o poder na segunda maior cidade do estado ao mesmo tempo em que o pai busca a reeleição na capital.
O petebista fez suspense até o último minuto para anunciar se seria ou não candidato à Prefeitura de Várzea Grande. Ele esperava receber as bênçãos de Jayme e Lucimar Campos e ser o candidato da atual gestão. Mas o acerto não foi concretizado.
Jayme disse não a Emanuelzinho e, como já foi dito acima, lançou Kalil Baracat como candidato da situação. Isso também fez estremecer boa relação política entre os Pinheiros e Campos, já que as famílias eram consideradas "amigas" desde os anos 60, quando o pai de Emanuel Pinheiro se tornou político em Mato Grosso.
Visando manter a harmonia, Emanuelzinho foi até Jayme, tentou convencer suas bases, mas no melhor estilo coronel, o senador decidiu sozinho que o melhor era não apoiar Emanuelzinho e lançar um candidato do grupo.
Emanuelzinho ouviu calado até o último segundo que não daria certo sua candidatura em Várzea Grande, porque seu pai já é prefeito de Cuiabá e estava viabilizando a reeleição. Jayme dizia aos quatro ventos que era melhor o jovem parlamentar ajudar a cidade com projetos federais.
Emanuelzinho também teve que lidar com críticas por conta da idade e também por ter morado em Cuiabá até um ano antes da campanha. No discurso, ele rebatia dizendo que sua família se instalou em VG desde quando sua mãe, Márcia Pinheiro, chegou do Paraná e que ele é deputado por Mato Grosso, e que vai ajudar todos os municípios, mas ele quer mudar a história de Várzea Grande, onde "algumas famílias estão há anos no poder e nada fizeram", em clara indireta aos Campos. "Até hoje reclamam de falta d'água e de ruas sem asfalto. Incrível que falam que vão resolver, mas estão há anos no poder e nada fizeram", ressalta Emanuelzinho.
Por ter uma educação mais voltada ao catolicismo, por ter crescido em um ambiente político e ter estudado para ser padre, ele prefere não fazer críticas mais acaloradas ou criar inimizades. "Enquanto eles criticam, nós trabalhamos", diz o candidato.
Emanuelzinho chega no dia da eleição com a esperança de ser eleito como o prefeito mais novo da cidade industrial. Ele está noivo e pretende se casar no próximo ano. Caso eleito em Várzea Grande, deve voltar às forças para Cuiabá, para ajudar o pai Emanuel na batalha do segundo turno, que impreterivelmente deve acontecer. Um alinhamento político entre pai e filho prefeitos seria o sonho de consumo da família Pinheiro para os próximos quatro anos.
Flávio Frical – Empresário estreante na política
A terceira via das eleições de Várzea Grande tem o nome de um homem que jamais disputou nada na vida pública. Flávio Vargas (PSB) é empresário do ramo de frigoríficos, tem 56 anos e é natural de Concórdia, Santa Catarina, e seu primeiro emprego foi de vendedor de picolé e salgado na rua.
Sem ser muito conhecido no meio político, Flávio Vargas começou, na pré-campanha ser chamada de Flávio da Frical, em referência ao nome do frigorífico que ele é proprietário em Várzea Grande. Depois, já após ter iniciado o pleito eleitoral, ele ficou apenas como Flávio Frical.
Chegou com discurso novo, de que não iria usar verba pública para fazer campanha e que seria a saída para a população de Várzea Grande deixar de viver num mundo comandado pelos Campos.
"Precisar tirar os Campos do poder". Com esse discurso ele começou a caminhada. Teve ajuda do deputado estadual Max Russi, presidente estadual do PSB e do candidato ao Senado Euclides Ribeiro (Avante).
Aliado de membros da política que não são tão conhecidos em Várzea Grande, Flávio tenta o poder avisando que irá, já pro primeiro ano de mandato, garantir ônibus grátis para rodar dentro da cidade e garante a reforma total da rodoviária de Várzea Grande.
Empresário e resolvido financeiramente, Flávio desabona qualquer tipo de comentário quanto a cabide de emprego e ter que receber ordens de outros "barões" da política para poder tomar decisões. Filiado ao PSB, ele surge como mais uma via em busca da cadeira 01 da terra de Couto Magalhães.
Miltão e Marcão - Único caminho socialista em VG
Milton Dantas é o menos falado, com menor estrutura e pouca visibilidade, mas não é de hoje que disputa eleições em Várzea Grande. Miltão, como é conhecido, é filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (Psol), sigla que não tem como histórico de se coligar com ninguém. O vice é Marcos Rodrigues Feitosa, popularmente conhecido como Marcão Pedreiro.
Atualmente com 59 anos, Miltão é empresário do ramo de materiais para construção. Ele é natural da Bahia, mas mora em Várzea Grande desde 1978. Assim como outros candidatos, o socialista disse que a prioridade da gestão será resolver a falta de água com a construção de uma Estação de Tratamento de Água (ETA).
Único representante da esquerda na disputa, Miltão espera concluir o VLT juntamente com o governo do estado e em seu plano de governo promete municipalizar o transporte público. O candidato é pouco visto nas ruas, mas espera sair vencedor da campanha que deverá confirmar um novo prefeito para Várzea Grande nesta noite de domingo.
