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Sábado, 27 de julho de 2024

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Filho de fumante tem mais cefaleia

Filhos de mulheres que fumaram durante a gestação têm 2,5 vezes mais chance de ter dor de cabeça crônica diária na infância. É o que sugere um estudo com 1.994 crianças de cinco a 12 anos de Santa Cruz das Palmeiras (SP).


Das mães, 29% fumaram na gravidez. Segundo o autor, o neuropediatra Marco Antônio Arruda, presidente do Instituto Glia, de neurociência e educação, é a maior pesquisa já feita no Brasil a avaliar cefaleia em crianças. Ele afirma ainda que a relação entre as duas coisas é inédita na literatura científica. "A descoberta foi surpreendente. Ninguém sabia", diz Carlos Bordini, presidente da Sociedade Brasileira de Cefaleia.

Segundo Arruda, substâncias presentes no cigarro interferem na produção de três neurotransmissores do bebê que estão ligados à dor de cabeça.

Aparentemente houve correlação entre fumo na gestação e cefaleias em geral, e não só as diárias. Para comprovar isso, é necessário ampliar o estudo --o que será feito neste mês. Serão avaliados 15 mil adolescentes e crianças de 22 Estados para estudar, além de cefaleia, TDAH, depressão e frequência com que veem TV, entre outros parâmetros. A pesquisa tem parceria com a USP e com as universidades de Duke (EUA) e La Sapienza (Roma).

José Mauro Braz de Lima, da Academia Brasileira de Neurologia, diz que o efeito do fumo pode ser indireto. "O mais provável no caso de um problema neurológico como esse é que seja consequência de imaturidade cerebral decorrente da prematuridade, pois filhos de mães fumantes têm mais chance de nascer prematuros." Para ele, mais estudos são necessários para comprovar a relação.

A prevalência de cefaleia foi tida como "acima do esperado": 80,9% das crianças já sentiram a dor. Segundo Arruda, estudos mundiais com crianças de sete anos apontam que 40% já tiveram a dor. Com adolescentes de 15 anos, o índice é de 75%. Das crianças com cefaleia diária, um terço abusava de analgésicos -o que cronifica a dor.

"A enxaqueca é uma doença genética, mas é influenciada por fatores externos, como excesso de atividades extracurriculares", afirma Arruda.

O estresse, especialmente o escolar, é o gatilho mais comum na infância. "A principal fonte de estresse infantil é o desempenho escolar. As crianças com enxaqueca tendem a ser perfeccionistas", diz Bordini.

Alimentos como bebidas com aspartame, salsicha e mortadela, luz ou barulho muito forte e falta ou excesso de sono também são gatilhos. "O enxaquecoso não pode com nada em excesso. Tem que ter uma vida regrada", diz Bordini.

Há vários tipos de dor de cabeça --desde a enxaqueca até dores tensionais episódicas, que ocorrem após a criança passar muitos horas no computador, por exemplo. Comparadas com as crises de cefaleia dos adultos, as infantis duram menos --cerca de uma hora.

O tratamento pode ser feito com remédios analgésicos e preventivos ou com biofeedback (técnica na qual o paciente é treinado a relaxar). Os pais devem levar os filhos ao médico quando a dor ocorrer mais de três vezes ao mês, for muito forte ou vier com sintomas como febre e vômitos.
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