Na última semana, produtores culturais da Baixada Cuiabana entraram em cena para acompanhar e opinar sobre as políticas públicas para a área. Para isso, reuniram-se na capital cerca de 70 pessoas entre artistas e representantes de entidades. No evento ficou definido que, juntos, eles vão lutar por um espaço mais reconhecido no cenário da economia estadual. Assim, deram início a um trabalho de mapeamento de soluções e diagnóstico de seus problemas. A ideia é subsidiar as novas e melhorar as atuais políticas públicas do setor para destravar o crescimento da Cultura em Mato Grosso por entraves burocráticos.
Pablo Capilé, produtor cultural do Espaço Cubo, pontuou que Mato Grosso está entre os cinco piores financiadores da Cultura no País, só fica à frente de Rondônia. Para ele, o Fundo Estadual de Cultura “matou” o convênio com a iniciativa privada e isso tem se tornado um constante empecilho para a captação de recursos para projetos. Assim, são necessárias ações imediatas, ainda que paliativas, para socorrer o quanto antes a cultura mato-grossense. Por isso o encontro definiu a criação de uma comissão para elaborar a nova lei de incentivo à Cultura, que se reunirá também em prol da melhoria do edital 2010 todas às terças-feiras (a primeira reunião foi dia 8), às 19h30, no Museu da Imagem e do Som de Cuiabá (Misc).
A vice-presidente do Instituto Cultural América (Inca) – uma das entidades participantes do evento -, Cybelle Bussiki, contou que esta reunião foi um marco no segmento artístico de Mato Grosso uma vez que todos têm um objetivo em comum, melhorar o fluir cultural, e estão unidos neste propósito. Este objetivo traduz-se na vontade de sair da cena local e projetar eventos e idéias em nível nacional assim como faz o eixo Rio-São Paulo e que, por isso, acabam por conseguir as maiores verbas federais e projeção internacional. “É preciso que os poderes públicos entendam que Cultura não é só mero espetáculo. É também uma cadeia produtiva importante que gera emprego e amplia divisas, fortalecendo, dessa maneira, também a economia estadual ao ser uma oferta de entretenimento ao turista e uma cartão-postal do que se produz localmente”, avaliou Cybelle.
Dona Domingas, presidente da Federação de Cururu e Siriri de Mato Grosso, presente à reunião, concorda que é hora de quem faz a Cultura neste Estado sair da plateia e começar a lutar para que os eventos como o Festival de Siriri Cururu, sejam fortalecidos. Para ela, é inadmissível que o Governo do Estado não contribua frequentemente para eventos como este, que já demonstraram sua força de atração de mídia nacional. “Estou aqui na reunião porque quero ajudar a encontrar soluções. Não quero mais deixar que pisem no ‘meu povo’ do cururu e siriri”.
O ator, Vital Siqueira, opinou que, para a Cultura estrear uma nova fase, falta urgente melhoria da análise dos projetos pela Secretaria de Estado, assim como ocorre no Ministério da Cultura (MinC). Isso evitaria que o artista, ao invés de produzir, tenha que ficar indo sempre à SEC para ver se algo ocorreu de errado com seu projeto.
Convocada pelos conselheiros estaduais e municipais de Cultura o evento serviu também, conforme os organizadores, para integrar, compreender e criar mecanismos para que as políticas públicas sejam melhores instrumentos de articulação, gestão, informação e promoção das artes e de todos os produtos artísticos. Fruto disso é a reunião marcada pelos produtores para os dias 23 e 24 de outubro, das 8 às 17h, na Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) visando subsidiar a sociedade civil de argumentos para uma melhor participação de Mato Grosso na Conferência Nacional de Cultura, que ocorre no fim deste ano.
