O coronel José Jonildo Assis negou que o Comando Geral da Polícia Militar tenha dificultado o acesso de informações a Polícia Civil durante investigações que resultaram na Operação Simulacrum, que prendeu ao menos 60 militares, até o momento. Os relatos sobre as dificuldades encontradas pelos delegados constam na decisão da 12ª Vara Criminal de Cuiabá. No documento, eles afirmam que, entre outras coisas, os policiais teriam sido transferidos para o interior do Estado a fim de dificultar as oitivas.
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‘’Nunca. A Polícia Militar é cumpridora de leis de regulamentos. Nós nunca dificultaremos ou dificultamos a parte de investigação de nenhuma instituição. E com certeza movimentações são naturais, nós somos uma instituição militar. Então, nós nos movimentamos durante a carreira. Isso é importante de dizer também’’, afirmou durante evento de entrega de viaturas realizado na sexta-feira (1), horas antes de deixar o cargo de comandante-geral da instituição.
No mesmo evento, Assis também desmentiu mensagem apócrifa que tem circulado nos grupos de WhatsApp dizendo que a Polícia Militar deixaria de fazer trabalho ostensivo e realizaria apenas patrulhamento como forma de protesto pela operação.
“Não vou nem me pronunciar a respeito disso porque a nossa instituição é uma instituição tem comando e controle e eu não vou dar aval a comunicados apócrifos que ficam fomentando desordem. Isso aí pra nós nem interessa. A nossa tropa é uma tropa extremamente disciplinada, é uma tropa que defende o cidadão, e claro que nós estaremos o tempo todo junto o cidadão e junto com a nossa tropa. Então, fique tranquilo, isso não existe”, afirmou.
A Polícia Civil é responsável por investigar emboscadas planejadas por policiais militares que formavam um grupo de extermínio. No entanto, se deparou com dificuldades na obtenção de informações cruciais para esclarecimentos dos fatos.
A postura negativa, conforme consta nos autos, seria apresentada pelo próprio Comando da Polícia Militar, que estaria visando proteger os policiais representados na Operação Simulacrum, deflagrada nesta quinta-feira (31).
Inclusive, informações básicas que sempre foram fornecidas pelos batalhões, nos últimos anos, especialmente após o início das investigações de crimes supostamente praticados por policiais, passaram a ser negadas ou obstaculizadas, de modo que a Polícia Judiciária necessitou da intervenção do Poder Judiciário.
Em alguns casos os policiais envolvidos nas investigações foram transferidos para outras unidades, geralmente do interior do Estado, a fim de dificultar a colheita das suas declarações/interrogatórios.
Ao todo, foram expedidos 81 mandados de prisão e 34 de busca e apreensão contra os policiais que executaram 24 pessoas para promoção pessoal e de seus respectivos batalhões na região metropolitana de Cuiabá.