O delegado da Polícia Federal, Adair Gregório, que participou da operação Descobrimento, deflagrada nesta terça-feira (19), contra o tráfico internacional de drogas, disse que os investigados passavam imagem de pessoas bem-sucedidas, mas tinham como principal atividade a exportação de cocaína para a Europa.
Na operação, entre outras pessoas, foram presos o ex-secretário da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação Nilton Borges Borgato, o advogado Rowles Magalhães e a doleira Nelma Kodama, ex-namorada de Rowles, que chegou a ser condenada na Operação Lava Jato. O trio faz parte da liderança da organização criminosa.
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"Pessoas grandes, pessoas que na sociedade passavam a imagem de ter uma atividade lícita, uma atividade bem-sucedida e, no entanto, a verdadeira atividade deles, ou uma das principais atividades deles, era remeter cocaína para Europa", afirmou o delegado.
A investigação começou em fevereiro de 2021 quando uma aeronave com mais de meia tonelada de cocaína foi apreendida na Bahia. O grupo criminoso teria realizado ao menos cinco viagens à Europa para levar droga. A facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) é apontada como responsável pela droga. No entanto, há possiblidade do envolvimento de outras facções.
Rowles, que foi assessor do Governo de Mato Grosso durante gestão Silva Barbosa, foi preso em decorrência de um mandado de prisão preventiva. Durante as buscas, os agentes encontraram artigos de luxo como relógios e bolsas, além de uma quantia em euro no imóvel do lobista.
Já o ex-secretário Borgato foi preso em seu apartamento em Cuiabá, local onde os policiais federais localizaram pedras de diamante, dólares e cerca de R$ 30 mil em espécie, que estavam escondidos embaixo do colchão. Borgato deixou o cargo no Governo do Estado em março deste ano para disputar as eleições. Ele é pré-candidato a deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD).
Procurada, a defesa de Nilton nega com veemência as acusações que estão sendo imputadas a ele. “Ressalta, ainda, que está à disposição da justiça e prestará os esclarecimentos necessários para provar a sua inocência. A defesa técnica está tomando ciência do inquérito para adotar as providências jurídicas cabíveis”, disse.
Os investigados na operação são fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar o entorpecente), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).
Ao todo, foram expedidos 43 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão preventiva nos estados da Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco. A Justiça brasileira também decretou medidas patrimoniais de apreensão, sequestro de imóveis e bloqueios de valores em contas bancárias usadas pelos investigados.
As investigações começaram quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador/BA para abastecimento. Após ser inspecionado, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave. A droga estava escondida em aeronave de uma empresa privada de aviação, que o advogado Rowles seria sócio.
No curso das investigações, a PF contou com a colaboração da DEA (Drug Enforcement Administration - Agência norte-americana de combate às drogas), da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária Portuguesa e do Ministério Público Federal.
(Com informações G1- Bahia e Estadão) (1).jpg "“Passavam a imagem de ter uma atividade lícita e bem-sucedida”, diz delegado sobre prisões por tráfico internacional de drogas")
