O advogado Paulo Lemos, que assumiu a defesa de Ester Caroline, conhecida como Tigresa Vip, apontou questões de gênero e eleitorais na decisão da Executiva estadual do PT, que barrou a filiação da atriz pornô, famosa pelos seus vídeos no Youtube e sites especializados de sexo. De acordo com o especialista, a defesa irá apresentar recurso junto ao diretório estadual e nacional da sigla, para que a decisão seja revertida.

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Tigresa se filiou ao partido no início do mês, mas foi barrada dias após o anúncio da sua pré-candidatura à Assembleia Legislativa. Apesar da repercussão, em sua maior parte negativa, o advogado não vê que a desfiliação tenha sido motivada apenas pelas críticas ao fato de uma atriz pornô pretender disputar um cargo eletivo.

"Vejo que não é perseguição. O marido que trabalha com ela é filiado ao partido há dez anos, faz o mesmo trabalho e nunca teve a filiação suspensa. É mais uma questão de discriminação de gênero e vejo algum receio de parte de outros pré-candidatos,  por conta do potencial político dela, afinal de contas, ela tem mais de 1 milhão de seguidores", declarou ao Olhar Direto.


Lemos aifrmou que causou perplexidade a notícia de que a filiação havia sido barrada, já que a decisão do partido só foi comunicada após ter sido tomada, sem ser dado o direito de defesa. O advogado demonstrou confiança de que Tigresa vai conseguir reverter a situação.

"Eu recebi com total perplexidade, pois nunca vi suspender filiação de alguém devidamente filiado sem se quer abrir um processo na Comissão de Ética, numa reunião em que não houve convocação, não tinha pauta e a pessoa que foi atingida só soube do resultado depois da reunião que, aparentemente, foi feita por WhatsApp", disse.

"Ela teve direito de fala nem de defesa. Isso viola o próprio estatuto do partido, a Constituição Federal. Afronta todo o ordenamento jurídico, ninguém pode sofrer uma pena sem ser ouvido. Não se preocuparam em seguir os ritos, foi uma decisão de ocasição", completou. 

Caso as providências internas não sejam suficiente, Lemos adiantou que irá buscar o Judiciário para garantir o direito de Tigresa. Quanto a candidatura à ALMT, o advogado explicou que é uma decisão a ser tomada durante as convenções.

"Tomaremos providências internas, fazendo o pedido de reconcideração ao diretório estadual e recurso ao diretório nacional, certo que vai ser revertida essa situação, pois a filiação dela já havia sido concluída. Ela já tem carteirinha, inscrição de filiação, trata-se de um ato juridicamente perfeito. Se necessário, nós ingressaremos com ação na Justiça, para suspender a decisão do diretório e anular no final", disse

"Ela vai ter que passar pela convenção, porém goza de todos os direitos políticos, não tem nenhuma causa de ineligibilidade e tem todas as condições. Não há motivos para barrar a candidatura dela", pontuou.

Na semana passada, o presidente regional do partido, deputado Valdir Barranco, afirmou que no dia 18 de abril a Executiva Estadual do PT determinou que Ester deveria ter sua filiação suspensa. A atriz anunciou pré-candidatura durante evento na Central Única dos Trabalhadores (CUT). 

​“A Comissão Executiva Estadual pautou a suspensão da filiação da Sra. Ester Caroline Henrique Bonometo Pessato e por  nove votos favoráveis pela suspensão da filiação, um voto contrário e duas abstenções, a mesma teve sua filiação suspensa dos quadros do Partido dos Trabalhadores, sendo imediatamente removida da lista de filiados. Informo-lhe também, que quando consultado, o presidente  do Diretório Municipal de Barão de Melgaço, onde a mesma se filiou, companheiro Rogério, nos informou só ter tomado conhecimento da filiação da Sra. Ester, pela imprensa. A Direção Estadual do PT segue no firme propósito de construir militâncias com compromisso e responsabilidade”, diz trecho da nota assinada por Barranco.