Militantes ecossocialistas do PSOL vão manter suas candidaturas mesmo com a conjuntura política desfavorável dentro do partido. Lélica Lacerda e Elisângela Espírito Santo Silva permanecem confiantes em disputar o Palácio Paiaguás este ano.
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Um dos entraves para que o nome das duas apareça nas urnas é a definição por parte do PSOL de apoiar o PT nas eleições de 2022. O partido, que desde sua criação não fazia alianças, era difícil apoiar a candidatura de Lula. Com isso, o PSOL de Mato Grosso terá que fechar um acordo para definir quem será o nome da esquerda no estado.
“Para vir uma proposta para estado para além da política em torno do agro nós vamos ter que nos fazer presentes, é uma voz que vai ecoar sozinha, muito embora o PT Mato Grosso também faz críticas ao agro e a gente tem um diálogo e uma construção concreta de luta na rua, por isso entendemos que a nossa candidatura é a que melhor representa o espírito do PSOL neste momento histórico, ela é um processo de construção contínua nas ruas que vem para a disputa do cargo eletivo para que essas pautas das ruas estejam presentes nas eleições”, afirmou Lélica Lacerda.
Lélica afirmou que ainda não existe definição se o PSOL apoiará ou não o PT em Mato Grosso. Segundo ela, essa definição virá da convenção do partido. Lélica faz críticas à candidatura de Lula por entender que o ex-presidente definiu seu projeto de poder com representantes da direita brasileira.
“A nossa posição é de que já encaminhamos a candidatura compreendendo que a aliança do PT com setores de centro-direita e de direta, a gente sempre esteve descontente com essa aliança e com os limites de projeto de sociedade que isso traria para esse momento histórico tão importante. Essa aliança com o Alckimin é um recado para todo mundo, para as elites, para o mercado financeiro e um recado para os trabalhadores de que é um projeto que não rompe com as estruturas que submetem a classe trabalhadora”, afirmou.
Para Lélica, a candidatura de Lula é uma redução de danos em relação ao Bolsonaro. “Mas agente não deposita qualquer esperança de resolver os problemas, deposita nele [Lula] apenas a esperança de não piorar os problemas”, conclui.
Além da indefinição sobre a aliança regional, a ala ecossocialista do PSOL também sofre com o clima hostil de dirigentes mais antigos da agremiação, como Wilson Cigano, que é irmão do procurador Mauro, ex-candidato à prefeitura de Cuiabá e ao Senado.
Segundo Wilson, o PSOL deve se reunir esta semana para definir se irá ou não acompanhar a decisão nacional. Sobre a pré-candidatura de Lélica e Elisângela, ele reafirmou que faz parte do jogo democrático e que elas têm direito de colocar seus nomes, mas deixou claro que não há ainda consenso ou decisões concretas.