A esteticista Kely Eronides da Silva, de 37 anos, viajava com a filha, de 10, no segundo andar do ônibus da Expresso Itamarati, que seguia para Sinop e bateu em um caminhão de soja na BR-163, em Vera, na terça-feira (17). Ela foi uma das sobreviventes, mas afirma não ter recebido amparo da empresa.
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Oito pessoas morreram no acidente e cinco ainda estavam internadas em estado grave na última semana, em hospitais de Sorriso e Sinop. Entre os hospitalizados, está Edmilson Pereira, que dirigia o ônibus de viagem.
Ele teve um dos braços decepados durante o acidente e precisou passar por uma cirurgia no Hospital Regional de Sorriso. De acordo com Kely, o motorista estava correndo na rodovia.
“Correndo muito, estressado. Foi fazer uma ultrapassagem. A empresa até agora não entrou em contato comigo para nada. Passei pelo médico de Sinop, porque tenho plano de saúde”, contou ao
Olhar Direto.
A esteticista afirma que pretende entrar com um processo contra a Expresso Itamarati e acionou um advogado para acompanhar o caso. No entanto, ela e a filha ainda estão muito abaladas.
O segundo andar do ônibus foi atingido por destroços do caminhão, que feriram alguns dos 45 passageiros que estavam no local. Kely e a filha estão entre as vítimas que tiveram que pular a janela do veículo para se salvarem.
“Estávamos nas poltronas 37 e 38. Sobrevivemos a um livramos de Deus. Mesmo machucada, minha filha escalou o ônibus para descer, porque a escada tinha sido destruída”.
A criança teve apenas um arranhão na testa e sente dores musculares, mas não consegue se esquecer do acidente. Já Kely sente dores na costela, rosto e joelho por conta do impacto causado pela batida.
A esteticista afirma que o trauma psicológico é ainda maior por ter passado por uma situação trágica com o acidente ao lado da filha. “Fui visitar uma irmã em Sinop, nunca tinha ido. Tanto que nem conhecia o percurso. A empresa em nenhum momento prestou qualquer auxílio, estamos em choque”.
Motorista invadiu contramão
Em análises preliminares, as equipes constataram marcas de frenagem na pista contrária, sentido Sorriso. No entanto, a dinâmica do acidente ainda será investigada por perícias.
Sobre a hipótese do motorista do ônibus ter dormido enquanto dirigia, o inspetor da PRF afirmou que a possibilidade também será investigada pela Politec.
O motorista do caminhão, que tombou sobre a pista e derramou toda a carga de soja que transportava, sofreu lesões leves. A empresa Expresso Itamarati, onde Edmilson trabalhava, negou que ele tenha excedido a jornada de trabalho permitida.
“Prepostos da empresa se deslocaram ao local imediatamente após o ocorrido para prestar assistência às vítimas e familiares, bem como para contribuir com as autoridades competentes para apuração das causas do acidente”
Até o momento foram confirmadas oito mortes. A professora Sidinei de Oliveira Cardoso, de 48 anos, e o filho, Carlos André Fidelis Oliveira Cardoso, de 14, estão entre as vítimas.
Também morreram no acidente: Alfredo Lopes da Silva (65), Maria Carneiro (61), Clayton Aparecido da Silva (37), Brena Nunes Ronsoni (24), Pedro Henrique Rodrigues Leal Pinto (21), Deborah Costa de Almeida (21).