Na madrugada do último domingo (5), João Vitor da Silva Leite, de 22 anos, dormia com a esposa, grávida de oito meses, quando recebeu a ligação da irmã pedindo para buscá-la em uma festa. A mãe dele, Rizomar Neves da Silva, de 58, não esquece o desespero que sentiu quando, menos de dez minutos depois de sair, recebeu a notícia da morte em um grave acidente na avenida Miguel Sutil, em Cuiabá.
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Quando passava pelo local, João foi fechado por um motorista e acabou batendo nos blocos de concreto na entrada da trincheira na avenida Miguel Sutil. O condutor do segundo veículo fugiu sem prestar socorro e ainda não foi identificado.
“É uma dor insuportável, você está comendo com seu filho em um dia e no outro recebe a notícia de que ele está morto. Uma pessoa maravilhosa, um filho exemplar, não tenho nem palavras para falar sobre ele”.
A notícia da morte do marido deixou a esposa de João em estado de choque e fez com que Rizomar temesse perder mais alguém da família, já que a mulher está grávida e precisou de atendimento médico.
“Sorte que não perdi meu neto também, minha nora passou muito mal, foi para o hospital. Minha filha [que estava no carro na hora do acidente] internada também. Saiu para buscar a irmã e dez minutos depois já descobri que meu filho estava morto”.
A vendedora de roupas lamenta que João não tenha conseguido conhecer o filho. Rizomar ainda se lembra do dia em que a família organizou um chá revelação para descobrir o sexo do bebê: um menino.
“Foi a coisa mais linda do mundo, ele seria pai de um menino”, diz com a voz embargada.
João, a esposa, as irmãs e a mãe moravam todos na mesma casa. Por conta disso, Rizomar tem sentido a ausência do filho aumentando a cada dia.
Ela lamenta que estava acostumada a acordar e ver o jovem sentado em algum cômodo da casa ou com as ligações de João perguntando o que a mãe gostaria de jantar.
“Morreu na hora, esse monstro [motorista do outro carro] tirou a vida do meu filho. Não estou comendo, não consigo comer nada. Só choro, é uma dor insuportável. Quando estava aqui em casa vendo televisão no meu quarto, ele sempre vinha ver como eu estava”, lembra a mãe.
Quatro pessoas feridas
Além da irmã de João, de 29 anos, outras três pessoas estavam como passageiros do carro. Rizomar explica que eram moradores do bairro onde a família mora e, como estavam na mesma festa, voltaram juntos.
Um deles está internado em estado gravíssimo e o outro ainda tem quadro grave. A irmã de João teve alta nessa quinta-feira (9). Ela estava sentada no banco do frente, ao lado do irmão, que dirigia o Toyota Corolla.
“Minha filha quebrou todas as costelas, ficou muito machucada. Ele e as irmãs eram muito próximos, ajudava muito ela”.
Rizomar ainda se lembra da alegria do filho no último dia em que viu ele com vida. Ela conta que o jovem era caseiro, responsável e sonhava em cursar direito para ser delegado.
“Meu filho nunca foi levado pelas amizades, nunca bebia fora de casa. No dia [do acidente] ele estava tão alegre, foi pescar, levou o peixe para um amigo tirar as espinhas e fez assado. De repente, um monstro tirou a vida do meu filho”.
Para a mãe, também é inevitável pensar no tamanho da dor que o filho sentiu na hora do acidente.
"Ele sempre foi muito sensível para sentir dor. Você imagina naquele momento a dor que ele sentiu? Deve ter sido a maior dor do mundo, matou ele na hora. Uma pessoa que estava há seis metros da batida ouviu o grito do meu filho. Ele gritou muito alto", lamenta Rizomar.
O motorista que fugiu sem prestar socorro aos jovens ainda não foi encontrado. A Polícia Civil está investigando o caso.