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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Clima e brusone causam prejuízos ao trigo

As condições climáticas atípicas este ano na região central do Brasil – maior ocorrência de chuvas e temperatura mais alta no inverno- favoreceram a propagação do fungo /pyricularia grisea/, causador da brusone, doença que mais causa danos às lavouras de trigo no Cerrado.

As condições climáticas atípicas este ano na região central do Brasil – maior ocorrência de chuvas e temperatura mais alta no inverno- favoreceram a propagação do fungo /pyricularia grisea/, causador da brusone, doença que mais causa danos às lavouras de trigo no Cerrado. As perdas pela brusone em algumas lavouras variaram de 35% a quase 100%. Enquanto, a produtividade na região, na safra de 2008, foi de 96 sacas por hectare, este ano o produtor que colher 80 sacas por hectare estará acima da média.


As consequências do grande volume de chuvas nos meses de abril, maio e em agosto foram debatidas no Dia de Campo sobre Trigo Irrigado no Cerrado, realizado, em 16 de setembro, na Fazenda Agropecuária Veredas dos Buritis, Cristalina-GO. O evento foi promovido pela Embrapa Cerrados e Trigo – unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, pela Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (COOPA/DF) e pela Emater/DF.

Apesar de preponderantes, não só as alterações climáticas foram as responsáveis pela queda na produção de trigo. De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados Julio César Albrecht houve também erro no manejo da lavoura. Quem apostou na semeadura mais cedo, no mês de março, foi mais penalizado. A orientação é de que o trigo no Cerrado não seja plantado antes de 10 de abril. Esse ano, o produtor que plantou cedo terá uma produtividade, em média, de 40 a 50 sacas por hectare. Já quem plantou em maio deverá colher cerca de 80 sacas por hectare.

Os triticultores estão aprendendo algumas lições com os acontecimentos deste ano. A primeira é o quanto os fungicidas não são eficientes ou como não estão sendo aplicados adequadamente. Para o pesquisador da Embrapa Trigo Márcio Só e Silva será necessário rever o uso dos produtos químicos. Os fungicidas disponíveis no mercado são eficientes para brusone no arroz, no entanto não têm o mesmo efeito para a brusone do trigo, em função do comportamento da doença ser diferente nas duas culturas.

O presidente da COOPA-DF, João Carlos Werlang, destacou a importância da Embrapa em obter um fungicida que combata a brusone do trigo. “Somos muito agradecidos pelo o que a Embrapa já fez por nós, mas agora pedimos ajuda para descobrir um fungicida que combata a brusone do trigo. Não podemos continuar com as perdas que estamos tendo”, destacou.

Enquanto a pesquisa não lança variedades mais resistentes à brusone, os produtores precisam seguir as recomendações para implementação da lavoura e manejo. Além do uso adequado do fungicida – as lavouras que tiveram maior produtividade fizeram quatro aplicações do produto químico – o produtor deve também aplicar o redutor de crescimento, pelo menos duas vezes, se preocupar com a secagem do trigo para não provocar alteração na qualidade do grão e com as formas de armazenamento. Publicações com recomendações para a cultura do trigo no Cerrado estão disponíveis no site da Embrapa Cerrados (www.cpac.embrapa.br).

As doenças relacionadas ao clima, como a brusone, serão objeto de pesquisa da Embrapa Cerrados. O chefe de Pesquisa e Desenvolvimento,* *Fernando Macena, destacou que será iniciado projeto de pesquisa para avaliar o desenvolvimento dessas doenças e suas relações com as mudanças climáticas. “A pesquisa já demonstrou que é possível se obter materiais bons para o Cerrado com produtividade de até sete toneladas por hectare. Agora o nosso desafio, após um ano atípico com esse, é estudar a relação da brusone com as mudanças climáticas para que o produtor tenha maior segurança em sua lavoura”, disse.

Trigo no sistema produtivo

O custo de produção na cultura do trigo é o outro fator que desanima o produtor. De acordo com o técnico da Emater-DF Marconi Borges, o trigo perdeu para o feijão, em receita líquida, em três das últimas quatro safras. No DF, o trigo compete principalmente com o feijão. Na safra de 2008, a receita líquida por hectare na comercialização do feijão foi de R$ 6.500, enquanto do trigo foi um pouco acima de R$ 1 mil. A estimativa para a safra de 2009 é de receita líquida por hectare de R$ 1.400 para o feijão e de R$ 321 para o trigo.

Apesar da pouca vantagem econômica, é necessário plantar trigo para viabilizar as demais culturas. “O produtor precisa pensar não em uma safra, mas a médio e longo prazo. Plantar trigo é importante para a rotação de cultura e quebra de doenças”, enfatizou o técnico da COOPA-DF, Cláudio Malinsk. Para o próximo ano, a COOPA-DF terá disponível para venda sementes das cultivares BRS 254, BRS 264 e Embrapa 42.

As cultivares BRS 254 e BRS 264 foram lançadas há quatro anos e predominaram em 90% das lavouras da região central do Brasil na última safra. A cultivar BRS 264 é classificada como trigo classe pão e é mais precoce e tem um maior potencial de produção. A outra cultivar, BRS 254 produz trigo tipo melhorador, com uma produtividade de até sete toneladas por hectare e é comparada ao trigo canadense, considerado o melhor do mundo.
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