Ex-candidato ao Governo de Mato Grosso pelo PTB, o pastor Marcos Ritela repudiou as atitudes do presidente de honra do seu partido, Roberto Jefferson, que neste domingo (23) disparou 20 vezes e jogou duas granadas contra policiais federais que foram até sua casa cumprir mandado de prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Apesar de avaliar até deixar o partido por conta do reflexo negativo à imagem da sigla, Ritela refuta impacto na campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado de Roberto Jefferson.

“Lamentável, a gente repudia a atitude dele. Jamais poderia ter recebido a polícia daquele jeito. Não concordo com esse comportamento. Não acredito que vai (impactar), Bolsonaro já disse ontem que quem recebe policia a tiros é bandido, então o presidente o classificou como bandido, pois a ação dele foi de bandido. Essa ligação não vai ter nenhuma interferência eleitoral”, afirmou ao Olhar Direto.

Por conta dessa situação e de outras, Ritela diz aguardar o resultado das negociações de fusão do PTB com o Patriota e o PSC. Já se lançando como pré-candidato a prefeito de Cuiabá, o pastor deixa seu futuro no partido indefinido.

“Não sei qual vai ser a direção e como vai ficar essa sigla em Mato Grosso. Vai gerar um desgaste muito grande ao partido, que já está desgastado. Vou aguardar essa fusão, que deve ser resolvida em 15 dias, dependendo da forma que ficar vou deixar o partido”, disse.

O ex-candidato demonstrou também constrangimento ao ser questionado pelo fato de durante a campanha ter afirmado que Jefferson era um novo homem, convertido e arrependido pelos erros cometidos no passado, como o envolvimento no “Mensalão” durante mantado de Lula.

“A situação foi surpresa para todos, ninguém acreditava que ele teria aquela ação, está bem descontrolado. É uma ação repentina que ninguém acreditava que ele está tão desorientado, é outra situação”, disse.



Indulto

Ainda de acordo com Ritela, a ação afasta qualquer possibilidade de Bolsonaro conceder indulto ao ex-deputado federal, que estava em prisão domiciliar, assim como fez com o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Jefferson tentou por alguns meses conseguir tal perdão judicial e seu advogado chegou a redigir uma minuta de decreto que foi enviada ao Palácio do Planalto, conforme relatado pela jornalista Malu Gaspar, do O Globo.

Jefferson estava preso desde agosto do ano passado também por ataques a ministros do STF. Em janeiro, Moraes transformou a prisão preventiva em domiciliar, atendendo a pedido da defesa. O ex-deputado, no entanto, tinha que obedecer a uma série de restrições, entre elas não usar redes sociais para se comunicar. Proibição que foi descumprida; em gravação distribuída pelo WhatsApp na sexta-feira (21), ele chamou a ministra Carmem Lúcia de “prostituta”, “vagabunda” e de “arrombada” por ter votado a favor da supressão de conteúdos da Jovem Pan sobre o ex-presidente Lula (PT).

“Depois dessa ação, não tem mais nenhum tipo de induto. Saiu fora de toda a legalidade, até então, quando Alexandre de Moraes, sem nenhuma ação do Ministério Público, decretou a prisão, achava que podia até ter uma interferência, mas depois dessa ação, qualquer direito que ele tinha acabou, vai ser indiciado por outro tipo de crime. Infelizmente acabou para Roberto Jefferson e sua família, o partido também tá bem difícil de continuar. Tenho pretensão de disputar a Prefeitura de Cuiabá, mas vai ficar difícil de continuar no PTB”, afirmou Ritela.