O chanceler brasileiro Celso Amorim afirmou nesta quinta-feira que é possível encerrar a Rodada Doha em 2010, iniciada em 2001. Ele comentou o assunto durante entrevista coletiva com o representante comercial dos Estados Unidos, Ron Kirk.

De acordo com Kirk, principal assessor para assuntos de comércio do presidente Obama, os Estados Unidos querem rapidez para conclusão da rodada da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Amorim e Kirk estiveram reunidos para definir um novo modelo de acordo entre Brasil e Estados Unidos, que deve envolver intensificação de comércio bilateral, aumento de transferência de tecnologia e até proteção de propriedade intelectual.

Algodão

Apesar do tom otimista sobre Doha, Kirk não acredita que os Estados Unidos tomem alguma medida imediata em relação ao algodão nacional, que recebe forte subsídio do governo americano.

A ajuda governamental tem prejudicado as exportações do produto brasileiro. A OMC deu direito ao Brasil de retaliar os Estados Unidos, aplicando sanções contra o produto americano.

Amorim disse hoje que o Brasil está se preparando para impor ações, mas que ainda há espaço para negociação. "O momento é de definir como agir caso não haja mudanças na política americana", afirmou.

Kirk também fez um discurso que leva a crer que não haverá acordo fora da OMC. "Não vejo como fazer isso (negociar com o Brasil), mas pode ser uma visão prematura minha", afirmou o embaixador americano.

Cuba

Para Kirk, a prorrogação do embargo feito pelos EUA à Cuba se deu por falta de retorno do país caribenho. "Já estendemos mão aberta, mas Cuba não sinalizou", disse o embaixador em referência à suspensão de algumas sanções à Cuba, como liberação de remessas de recursos financeiros.

Mercosul

Amorim descartou a chance de o novo acordo com os Estados Unidos venha a impactar a unidade do Mercosul.

"O Mercosul não impede que o Brasil tenha mecanismos permanentes de diálogo com os Estados Unidos", afirmou.