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Sexta-feira, 16 de agosto de 2024

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Casal procurou delegacia no dia do duplo homicídio; policiais tentaram prender Carlinhos Bezerra no local

Foto: Reprodução

Casal procurou delegacia no dia do duplo homicídio; policiais tentaram prender Carlinhos Bezerra no local
No dia em que foram mortos, a advogada Thays Machado, 44 anos, e o namorado Willian César Moreno, 30, procuraram a Central de Ocorrências na avenida Tenente-Coronel Duarte (Prainha), em Cuiabá, para denunciar perseguição por parte do empresário Carlos Alberto Gomes Bezerra, 57. Eles haviam saído do Aeroporto Marechal Rondon na madrugada do dia 18, quando foram abordados e perseguidos por Carlos até a Central de Ocorrência (1ª Delegacia), onde policiais civis tentaram prendê-lo, mas ele fugiu. Na tarde do mesmo dia, o casal foi assassinado a tiros por Carlos. 


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“Ela foi atendida. Quando ela estava sendo perseguida, entrou em contato com o 190, no momento que ela estava aqui na avenida da Prainha. Ela foi atendida aqui na Central de Ocorrências. Os policiais, ao perceberem a entrada dos dois dentro da Central de Ocorrências, desesperados, tentaram entender o que estava ocorrendo e perceberam que o Carlinhos estava do lado de fora. Os policiais sacaram a arma e partiram para cima dele, que estava no estacionamento lateral da empresa ao lado [Águas Cuiabá]. Ele entrou no carro e saiu. Os policiais passaram a situação via Ciosp também”, afirmou o delegado Marcel Gomes, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (30), após conclusão do inquérito e denúncia realizada pelo Ministério Público.

Quando os policiais informaram o Ciosp da fuga sentido avenida Dom Bosco, eles não tinham a placa do veículo, apenas sabiam que o modelo: um Renault Kwid. O casal estava bastante nervoso nas dependências da unidade policial, que precisou ser trancada por causa da situação.



“O Willian estava muito mais nervoso que a Thays diante da situação. E o que foi falado para eles: ‘tem duas situações, aqui vocês podem registrar boletim de ocorrência ou podem ir também diretamente na Delegacia da Mulher e estar registrando boletim de ocorrência e já saindo com medida protetiva’. Ela preferiu não registrar  boletim, mas acredito eu que por conta do horário, pessoa chegando de viagem, ela prorrogou para fazer aqui não na madrugada, mas em horário posterior”, contou o delegado. 

“Tanto que o plantonista posterior do Ciosp, por volta das 4h30/5h da manhã, entra em contato com ela, ela fala que resolveu ir para um hotel e no hotel ela falou que estava cansada e que no dia seguinte daria prosseguimento a esse feito”, acrescentou. Thays, no entanto, não teve tempo de fazer o registro oficialmente e acabou morta no mesmo dia.

“Acontece que diante das circunstâncias, estava com uma pessoa em início de relacionamento, recém-chegado de São Paulo e acreditamos que por conta desses fatores ela deixou para um momento posterior registrar essa ocorrência. Porém, como vocês mesmo sabem, não chegou a ter tempo, porque ali ainda naquela tarde ela foi executada”, disse.

71 prints

Carlinhos, como é conhecido, começou a monitorar Thays em meados de outubro de 2021, quando ainda estavam juntos. Foram algumas idas e vindas no relacionamento e no final do ano de 2022, ele teria tentado atropelá-la em frente a um pub de Cuiabá.  

Em busca e apreensão realizada na casa do acusado, no bairro Santa Rosa, a Polícia Civil encontrou 71 prints de localização de GPS com possíveis endereços de onde ela poderia ser encontrada, agenda de contatos e anotações sobre quem seria o dono de cada um dos números.

“Quando, por exemplo, Thays não atendia uma ligação, Carlinhos entrava em contato para saber quem estava ligando. Ele pegava a agenda de contatos e, principalmente, de ligações perdidas e começava a ligar para cada uma das pessoas que tinha entrado em contato com a vítima e fazia uma relação. Nesta relação ele tinha um sumário, de marca texto laranja ele direcionava com legenda se era prestador de serviço, eletricista, encanador. Azul são homens e os azuis que ele marcava, ele colocava detalhe. Se ligou e falou que não conhece a Thays, ele adicionava a pessoa no WhatsApp e via se a pessoa tinha foto e alguma característica e fazia anotações ao lado como, por exemplo, tatuagens".

"Em rosa era mulher e quem era mulher ele dava menor importância, fazia menos anotações. E os que estavam sublinhado nas cores azuis, ele entrava em mais detalhes, explicava a situação que tinha constatado naquela pessoa.  Outra coisa que a gente constatou foi o monitoramento nas redes sociais. Isso está provado e está juntado aos autos. Ele, em várias folhas de papel  anotava as pessoas que curtiam a foto da vítima nas redes sociais, tanto no Instagram, quanto no Facebook. Depois que ela via quem curtiu, ele procurava entrar no perfil de cada uma dessas pessoas para saber quem era”, pontuou.

O caso

Além de Thays, Carlinhos Bezerra também atirou e matou o então namorado da vítima, Willian César Moreno, de 30 anos. Eles estavam na porta do Edifício Solar Monet, no bairro Miguel Sutil, em Cuiabá, no dia 18 de janeiro, após terem deixado o carro e chave no apartamento da mãe da advogada.

Na quinta-feira (19), Marcel explicou que Carlinhos já estava rondando o local. Câmeras de segurança registraram o casal saindo do prédio de mãos dadas. Sorridentes, Thays e Willian deixaram a chave do veículo com o porteiro e foram para calçada, onde aguardariam um motorista de aplicativo. 

Neste momento, eles foram surpreendidos por Carlinhos Bezerra, que estava dirigindo um Renault Kwid branco. Ele estacionou na frente do edifício e, de dentro do carro, disparou. Willian chegou a tentar correr, mas foi baleado nas costas. Os dois morreram ainda no local do crime. Na madrugada do dia 19, o acusado acabou preso na região de Campo Verde.

A Polícia Civil concluiu no dia 27 o inquérito e indiciou o autor por homicídio qualificado e perseguição majorada. Pela morte de Thays, o autor responderá pela qualificadora de feminicídio.
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