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Terça-feira, 16 de julho de 2024

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DIVERSIDADE INDÍGENA

Encerramento do 1º Acampamento Terra Livre é marcado por pedido de respeito e presença do Cacique Raoni

Foto: Marcos Salesse / Olhar Direto

Encerramento do 1º Acampamento Terra Livre é marcado por pedido de respeito e presença do Cacique Raoni
Após três dias de programação na Praça Ulisses Guimarães, o 1º Acampamento Terra Livre de Mato Grosso encerrou as atividades nesta quinta-feira (13) com a reivindicação de respeito aos povos indígenas. O último dia começou com a realização de uma audiência pública, onde foram tratados as principais demandas dos  43 povos presentes. O cacique Raoni Metuktire também esteve presente para saudar as lideranças e cobrou a presença do governador Mauro Mendes (UNIÃO). 


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Diante de diferentes representantes dos três poderes, os povos cobraram a demarcação de território e maior atenção aos direitos já garantidos na Constituição Federal, que segundo eles, seguem sendo ignorados. Mobilizada e mediada pelo deputado estadual Lúdio Cabral (PT), a audiência serviu para que outras demandas fossem apresentadas. 

A primeira a se manifestar foi uma das lideranças do povo Bakairi e presidente da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Mato Grosso (Fepoimt), Eliane Xunakalo. De acordo com a presidente, os territórios indígenas mato-grossenses seguem sendo ameaçados pelo desmatamento, presença de garimpos e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) que cercam as aldeias.

“Em Mato Grosso, nossos territórios estão ameaçados pelo desmatamento, por PCHs, por conta dos garimpos que estão se aproximando e precisamos ficar muito atentos a isso. Precisamos que os povos originários tenham seus territórios demarcados, temos muitos povos que não tem seu território garantido. Hoje nós estamos aqui para dizer que somos do Pantanal, Cerrado e da Amazônia”, defendeu Eliane. 
Eliane durante sua fala na abertura do 1º Acampamento Terra Livre em Mato Grosso / Foto: Marcos Salesse/OD

A fala da presidente da Fepoimt foi reverberada pelo indígena chiquitano e também integrante da Federação, Soilo Urupe Chue. Durante sua fala, Soilo denunciou a falta de demarcação do seu território, considerado um dos pontos de maior tensão e violência contra povos indígenas em Mato Grosso. 

“Sem a demarcação do território nós não conseguimos ter nossa própria casa. Um indígena sem seu território, ele não tem vida, ele não tem como estar trazendo bem maiores para as futuras gerações [...]. Nós queremos ser respeitados dentro das nossas próprias especificidades”, declarou Soilo.

Em 2019, representantes do povo Chiquitano chegaram a denunciar na Organização das Nações Unidas (ONU) as dificuldades enfrentadas para garantir a demarcação do território. A violência policial contra os indígenas também é tida como um ponto de preocupação, já que em agosto de 2020, conforme denúncias, quatro indígenas que haviam saído para uma caçada foram mortos por agentes do Grupo Especial de Fronteira de Mato Grosso.

A violência verbal também foi colocada em debate no espaço. A diretora do Instituto Yukamaniro de apoio às mulheres Bakairi, Darlene Yamaninalo Taukane, lembrou dos ataques sofridos pelos povos que estão acampados na Praça Ulisses Guimarães. Para Darlene, os ataques refletem um preconceito radicalizado. 
Darlene Yamaninalo participando da audiência pública de encerramento do encontro / Foto: Marcos Salesse/OD

“Tem gente que passa falando: ‘vai trabalhar, vagabundo’ ou ‘o que é que vocês estão fazendo?’, mas nós escolhemos esse lugar para isso. Mato Grosso e Cuiabá precisam saber que nós existimos. Somos povos originários, somos da terra. Somos tão generosos com nossa ancestralidade e convivemos da melhor maneira possível. Estamos aqui para confrontar esse preconceito, radicalizado há muito tempo no coração das pessoas não indígenas”, comentou. 

O encerramento contou ainda com uma participação do cacique Raoni Metuktire, considerada uma das principais lideranças indígenas do país. Em uma breve passagem pelo acampamento, o cacique saudou todos os presentes e cobrou a presença de Mendes, que não esteve presente no local em nenhuma das ações programadas. 

Ainda na audiência, a presidente da Fepoimt utilizou o espaço para cobrar respeito aos povos indígenas. Segundo Eliane, toda a população mato-grossense deve reconhecer que os povos originários representam uma contribuição importante para a diversidade do estado e também preservação dos biomas. 

“Estamos aqui para dizer que nós resistimos e precisamos ser respeitados. A nossa palavra de ordem hoje é: respeitem os povos indígenas. E dizer também a sociedade mato-grossense, da qual nós também fazemos parte, que somos parte dessa diversidade [...]. Esse respeito a gente exige também do Estado, das autoridades e dos poderes”, argumentou. 

Além de Lúdio, também participaram da audiência pública os deputados Wilson Santos (PSD) e Valdir Barranco (PT). Outras representações também estavam presentes, como o Ministério Público do Estado (MPE). 

O encerramento oficial do evento ocorre ainda na tarde desta quinta-feira (13), com uma marcha dos representantes dos 43 povos indígenas presentes até o Centro Político Administrativo de Mato Grosso. Um novo acampamento vai acontecer entre os dias 24 e 28 de abril, em Brasília, reunindo representações de todas as regiões do país. Assim como em Mato Grosso, o encontro também terá as demarcações como tema central.
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