O senador Jayme Campos (UNIÃO) disse vislumbrar a possibilidade de melhora na relação entre o Governo Federal e sua base no Congresso, mas afirmou que assim como o presidente Lula (PT) deverá cobrar “a entrega da mercadoria”, em referência aos votos na Câmara e no Senado, os parlamentares também enviarão sua fatura.

Leia mais:
Lula cobra partidos com ministérios e bancadas do União Brasil e MDB de MT entram na mira de Padilha

“Acho que agora é a chance de fazer uma reengenharia e ampliar o diálogo com os parlamentares. Estão emitindo a nota fiscal, mas a mercadoria não está chegando, ne? E não vai chegar fácil, não adianta só negociar cargo de ministro. Muitos senadores, não é o meu caso, têm reclamado que não conseguem indicar cargos federais nos estados, por exemplo, isso tem causado parte dessa dificuldade”, disse o senador.

Na última segunda-feira (8), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o presidente Lula determinou que haja conversas com partidos que comandam ministérios para debater os votos que as siglas têm entregado.

Na ocasião, o ministro citou como exemplo a posição da bancada do MDB na derrubada de um decreto do Governo Federal, na semana passada, que alterava o marco do saneamento básico.

Questionado se via a fala como uma “imposição” do Governo sobre a base, Jayme considerou que a cobrança é normal. “Não vejo como imposição. Imagino que compromissos foram firmados com essas indicações. Mas é bom que se esclareça que essas indicações não aconteceram de forma coletiva e isso causou até um desconforto, na medida que hoje a base do presidente Lula - a sensação que eu tenho – tomou uma porrada nessa votação do marco do saneamento. Daqui pra frente eu acho que vai ser a mesma coisa, porque está faltando articulação política. Vejo isso no Senado, se continuar assim vão ter muita dificuldade”, avaliou.

Ainda segundo o senador Jayme Campos, no caso do União Brasil, muitos políticos que são alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seguem alimentando a rusga com o atual presidente da República. Para ele, no entanto, até isso é possível de ser contornado.

“É possível sim fazer um trabalho de articulação. Maioria absoluta não vai conseguir, mas o suficiente para aprovar os projetos de interesse do Governo. Isso depende de muita conversa, porque ali ninguém chegou de graça e quer ser tratado como tal”, pontuou.