Os principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Mato Grosso recorreram à já conhecida estratégia bolsonarista, de criar uma cortina de fumaça, sobre os episódios da venda de joias doadas ao governo brasileiro por autoridades estrangeiras, e das revelações feitas pelo hacker Walter Delgatti Neto. A exceção ficou por conta das deputadas federais coronel Fernanda e Amália Barros, ambas do PL, sendo esta última amiga pessoal da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que sequer tocaram nos assuntos.

Leia mais
Pix para Bolsonaro: presidente da Aprosoja e locutor de rodeio integram lista de doadores do ex-presidente

Os últimos dias foram duros para o clã Bolsonaro, desde a deflagração da operação que revelou a venda das joias no exterior pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid.

Houve ainda o caso do advogado do ex-presidente, Frederick Wassef, que admitiu a compra de uma dessas joias, um relógio da marca Rolex, por US$ 50 mil à vista na tentativa de tentar encobrir a venda ilícita.

Nesta quinta-feira (17), o advogado Cezar Bittencourt, que representa Mauro Cid, deu entrevistas garantindo que o militar vai confessar os crimes cometidos e dar as informações das circunstâncias, o que inclui a suposta culpabilidade de Bolsonaro no caso.

A semana ruim terminou com o hacker Walter Delgatti Neto trazendo à tona uma série de revelações, como seu encontro com o ex-presidente para discutir uma tentativa de invadir urnas eletrônicas.

Não demorou para que os aliados do ex-presidente associassem a situação “ao PT” – Delgatti, inclusive, foi apelidado como “o hacker da esquerda”.

Ainda durante o depoimento de Delgatti à CPI dos Atos Golpistas, o deputado federal Abílio Brunini (PL) ironizou as declarações e fez piadas. "O Palmeiras não ter Mundial é culpa do Bolsonaro? Você disse que almoçou agora, foi picanha do Lula?". O depoente escolheu ficar em silêncio diante das perguntas do parlamentar. Ao escutar que o hacker ficaria em silêncio, Abilio pediu que ele “desse um sorrisinho” se fosse verdade que comeu picanha no almoço.

Como de costume, as falas foram voltadas à produção de conteúdo para as redes sociais. Os memes foram devidamente publicados logo após a CPMI.

Outro aliado fiel de Bolsonaro no Estado, o deputado federal José Medeiros (PL) publicou uma montagem com fotos de Delgatti e o cantor Naldo Benny, que tem fama de mentiroso nas redes sociais. A ironia também foi adotada pelo deputado estadual Gilberto Cattani (PL).

A exceção ficou por conta das federais coronel Fernanda e Amália Barros, que seguem em silêncio. Amália esta semana cumpre agenda ao lado de Michelle Bolsonaro.

Ao Olhar Direto, o presidente do PL em Mato Grosso, Ananias Filho, disse que todas as lideranças do partido confiam na versão sustentada por Bolsonaro. “Ele disse que na Justiça terá todas as explicações e nós acreditamos nisso. Inclusive o presidente já teria colocado o sigilo fiscal e bancário à disposição", comentou Ananias. Em que pese, o sigilo fiscal do ex-presidente, assim como o de sua esposa, foram quebrados por determinação da Justiça e não de maneira voluntária.