Moradores, comerciantes e motoristas que circulam na avenida Manoel José de Arruda, mais conhecida como avenida Beira Rio, em Cuiabá, denunciam o esgoto a céu aberto, nas proximidades do Museu de História Natural de Mato Grosso. Há mais de dois anos, uma boca de lobo tem transbordado, por conta do acúmulo de lixo e tubulação antiga.

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Ao Olhar Direto, a funcionária Selma Pozza, da empresa de comunicação visual Unitrama, relatou sobre os transtornos causados pelo meio fio alagado, localizado bem em frente ao estabelecimento. Desde setembro de 2021, a mulher tem denunciado a situação à Secretaria Municipal de Obras Públicas de Cuiabá, sem ter uma solução até o momento.

“Um técnico já veio aqui e falou para mim que o que acontece ali [na boca de lobo] é um caso mais grave, porque não é só desentupir. É um problema que vai ter que arrancar a tubulação, vai ter que fazer um trabalho mais demorado, vai ter que parar, fechar ali, interditar”, conta Selma.

“Vai ter que trocar aquela tubulação. Ali eu coloquei uma tampa de concreto no bueiro já, no começo, nós fizemos e colocamos, porque ninguém veio. Mas aí ela foi quebrada com uma caminhonete. Uma cliente nossa caiu ali com o veículo”, complementa.

Segundo a administradora, vários acidentes já foram registrados no local, incluindo um com caminhão da transportadora que estava na empresa. O condutor, ao sair com o veículo de carga, foi tentar desviar do buraco, para que a roda não prendesse, mas acabou atingindo o muro do estabelecimento, que foi totalmente destruído.

E para além dos acidentes, o mau cheiro que o esgoto exala é uma reclamação diária dos moradores e funcionários. No final da tarde, a poça chega a fica maior e invade totalmente um lado da pista, deixando apenas uma passagem para os veículos. Também é notável o acúmulo de sujeira no local.



“Aqui fica alagado, não dá para andar, só pode entrar de carro, porque senão vai se sujar e molhar os calçados, e nessa época de chuva transborda. Fica bem cheio. Fica só um lado, não dá para passar dois carros, senão joga água em todo mundo. Muito perigoso”, relata Selma.

Outra denunciante, a gerente predial do Residencial Verona, Iracy Gimenez, cobra, principalmente, uma fiscalização e conscientização da população sobre o acúmulo de lixo no local. Segundo ela, é recorrente o número de vezes em que alguém jogou alguma coisa no terreno baldio em frente ao bueiro alagado.

“Essa situação começou há dois anos, aí eles fizeram uma limpeza e manutenção, porém o que dificulta a gente é que não tem fiscalização nenhuma contra essas pessoas que limpam terrenos baldios, e despejam ali, esse lixo vem no esgoto. Não sei de quem é essa responsabilidade, mas fica assim tudo a Deus dará, faz tempo que já está assim. Mau cheiro vindo para dentro do imóvel, inquilinos querendo se mudar, e semana passada, teve um acidente que causou um transtorno enorme”, conta Iracy.

“Nós que moramos aqui estamos vendo que no final da tarde, a água aumenta e o esgoto invade quase toda a pista, fica só uma faixa livre, aí vem um motoqueiro e quando ele vê aquele esgoto, ele tenta desviar, e nisso acaba causando acidente. A gente tem assistido vários ali que não provocaram um acidente mais grave porque Deus colocou a mão”, complementa.

A gerente predial já foi pessoalmente até a sede da Secretária de Obras Públicas, no entanto, nunca obteve uma solução. Ela afirma que o local está praticamente abandonado, e uma pessoa empurra para a outra. “A gente não sabe mais a quem recorrer”

“Eu não aguento mais o mau cheiro. De tarde ninguém consegue ficar dentro da sala aqui, a gente tampa o ralo, tampa tudo, mas não consegue. Nem voltou o período de chuvas ainda, teve duas chuvas fortes, e já encheu até aqui, chegando até a porta do apart hotel. A água não está escoando mais, ficando ali na avenida, transborda e enche aqui, vira um mar, água de esgoto ainda”, ressalta.

Iracy mora há 17 anos no residencial, e relata que em todos esses anos, nunca viu uma situação como essa, que teve início em 2021. Antes, a água escoava para dentro do bueiro, pois estavam limpos, mas agora, em dez minutos de chuva mais intensa, o esgoto transborda e não escoa mais.

Além disso, na frente do bueiro alagado, há um ponto de ônibus, e por conta da situação, motoristas do transporte coletivo público acabam passando pelo local, sem parar. Alguns até param, mas em frente ao Residencial Verona.



“Eu até já pedi para um funcionário aqui do condomínio ir lá, de bota, para verificar o que poderíamos fazer, se dava para tirar o lixo, mas ele disse que não tem como mais, muito lixo acumulado há muito tempo já”, complementou.

A mulher e os moradores do condomínio não aguentam mais o mau cheiro que sobe para os apartamentos. Muitos inquilinos estão se mudando por não aguentar mais a situação. “Já está ficando indecente o mau cheiro, parece que não limpou a casa. Você fica procurando de onde sai, a gente tampa todo o ralo, até a cuba do banheiro, porque a gente não aguenta escovar os dentes. É para isso que tem o nosso IPTU, é para isso que tem as taxas de lixo, para isso que está indo tudo”.

“A gente fica revoltado de ver essa situação porque a avenida já está tomada há muito tempo. Muito tempo reclamando e sempre vem dando isso”, finalizou.

Outro lado

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Obras Públicas, que enviou a seguinte nota:

Com relação à demanda em específico da Avenida Beira Rio, a Secretaria de Obras tem a esclarecer o seguinte:
 
- A alta demanda provocada pelas chuvas e pelo lixo infelizmente lançado por muitos munícipes nas ruas fez com que outras áreas sejam priorizadas;
 
- Devido a complexidade da boca de lobo na Beira Rio, com manilha quebrada, será necessário utilizar máquina específica para realizar a restauração no local;
 
- A secretaria reforça que seguirá o cronograma e resolverá o problema na avenida.

Veja vídeos:
   

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