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Terça-feira, 21 de maio de 2024

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Caso JOão Pinto

Deputado se revolta com morte de idoso de 87 anos vítima de policial civil: 'um absurdo, tem que ter consequências'

Foto: Reprodução/TVCA

João Pinto, 87 anos

João Pinto, 87 anos

O deputado estadual Carlos Avallone (PSDB) deu detalhes sobre o encontro que teve com João Pinto, 87 anos, morto a tiros por um policial civil da Delegacia Especializada de Estelionato na manhã de sexta-feira (23), na região do Contorno Leste, em Cuiabá. À reportagem do Olhar Direto, Avallone informou que se encontrou com Pinto no mesmo local, no dia anterior, ou seja, na quinta-feira (22).


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O parlamentar afirmou também que a versão dos policiais, de que teriam ido ao local entregar uma intimação judicial ao idoso, não procede. Ele cobrou uma investigação rigorosa das autoridades. “Nós vamos estar em cima disso. É um absurdo o que aconteceu. Isso tem que ter consequências”.

A ida do deputado à região foi uma das primeiras agendas in loco da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Invasão Zero, instalada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) em outubro último para apurar denúncias sobre a invasão territorial urbana e rural em Mato Grosso.

A CPI é presidida pelo deputado estadual Gilberto Cattani (PL), que esteve nesta quinta no local do crime junto com o deputado Avallone (relator) e o deputado Fábio Tardin (PSB) - membro titular da comissão. 

Avallone contou que chegou ao local às 7 horas da manhã de quinta-feira e por lá permaneceu por volta de uma hora, ou seja, até às 8h da manhã, em uma espécie de “reunião” com os proprietários das terras invadidas. Ele declarou que durante esses tempo, não conversou com os supostos invasores, apenas com os supostos donos de terras.

Um dos proprietários, diz ele, era João Pinto, assassinado pelo policial civil. Avallone disse que João confessou a ele estar muito chateado e revoltado com a situação das invasões à sua propriedade, sem poder fazer nada.

Ele narrou ao Olhar Direto que a conversa com João foi tranquila e feita na presença do filho dele. Segundo Avallone, em alguns momentos da conversa, ele precisou elevar o tom de voz para que João o entendesse devido à deficiência auditiva que o homem apresentava.

“A conversa que eu tive com ele foi muito tranquilo. Eu tive que falar muito alto com ele, ele escutou só parte do que eu falei. Isso é real [a deficiência auditiva]. O filho dele também estava junto e se apresentou como proprietário. O João confessou que ele já tinha sido quase estrangulado em algumas ações que houveram lá. Ele estava até preocupado da gente estar lá e que até falou: ‘olha deputado, tem que tomar cuidado aqui, porque o pessoal aqui é muito violento. Quando tentou fazer uma liberação da área, houve muita reação’”, contou. 

Na ocasião, após a reunião, Avallone solicitou aos proprietários que fornecessem fotos e vídeos das invasões, a fim de auxiliar nas investigações da CPI. Além disso, o deputado informou aos proprietários que eles seriam chamados para prestar depoimento à polícia a respeito do ocorrido e apresentar sua versão dos fatos.

A notícia da morte

Com a visita finalizada, Avallone então retornou à Assembleia. Nesta sexta, porém, o deputado recebeu a notícia de que João foi assassinado com um tiro disparado por um policial civil de uma delegacia que, segundo ele, não tinha que estar ali. João foi assassinado por um policial da delegacia de estelionato.

O deputado classificou como “absurdo" um idoso de 87 anos ser morto pela polícia e afirmou que vai acionar a CPI das invasões para tomar providência sobre o caso. 

“Eu estou aguardando explicações. Já pedi para ser informado, o deputado Cattani também. A CPI vai tomar providências sobre isso. Nós vamos estar em cima disso. É um absurdo o que aconteceu. Isso aí tem que ter consequências”, disparou. 

“Até agora não tem uma explicação ainda. Já falei com o secretário de segurança, com o coronel Fernando, responsável pela área, e com o delegado Diogo. As investigações estão acontecendo para que a gente possa saber exatamente o que está acontecendo e por que esse senhor foi morto aos 87 anos, após ter toda a sua propriedade invadida. Também queremos saber o que um policial de outro setor estava fazendo lá e por que ele procurou esse proprietário no dia de hoje”, completou. 

Deputado diz que versão sobre entrega de intimação não é verdadeira

O deputado estadual revelou que a versão dos policiais de que foram ao local entregar uma suposta intimação judicial a João Pinto, morto por um tiro na manhã de sexta-feira (23) na região do Contorno Leste em Cuiabá, não é verdadeira. Ele voltou a questionar, mais uma vez, a presença de policiais civis da delegacia de estelionato no local.

"A versão inicial de que o policial teria ido lá levar uma intimação já foi desmentida. Não é verdadeira. Então não se sabe qual é o motivo real desse policial estar lá", questionou Avallone.

O parlamentar cobrou das autoridades uma investigação rigorosa sobre o caso. "Isso não pode ficar assim. É um absurdo completo. Eu preciso saber, a sociedade precisa saber o que que este policial estava fazendo lá. Se ele não tem nada a ver com as forças de segurança naquele momento, não era uma atividade que levasse um policial daquela delegacia até ele", completou.

Corregedoria acompanha o caso

Em nota, a Polícia Civil confirmou que o atirador se trata de um policial e afirmou que o caso está sendo acompanhado pela corregedoria. Confira a nota na íntegra:

"Sobre o homicídio ocorrido na data de hoje na região do Contorno Leste, em que o autor do disparo trata-se de um policial civil, a Delegacia de Homicídios realizou o atendimento, com o acompanhamento da Corregedoria da Polícia Judiciária Civil. Todo o trabalho de investigação já teve início, inclusive da perícia. A coleta de imagens e demais provas técnicas foram requisitadas, para as providências cabíveis".

O caso

João Pinto, 87 anos, morreu após ser baleado com um tiro no peito disparado por um policial civil da Delegacia de Estelionato durante a manhã desta sexta-feira (23), em Cuiabá. 

O caso aconteceu em uma região de chácaras no Coxipó da Ponte. Conforme apurado pela reportagem do Olhar Direto, o crime aconteceu em um barracão que funcionava como oficina. 

O filho da vítima acredita que a morte ocorreu por engano. Segundo ele, o pai não enxergava e também tinha falhas na audição, o que teria contribuído para a abordagem da Polícia. 

Para o homem,  as dificuldades de audição e visão causaram o suposto confronto entre a polícia e seu pai. Sem saber que era a polícia, idoso teria tentado reagir à abordagem, morrendo após disparos realizados por um policial.
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