Emanuel Pinheiro (MDB) pode ser o primeiro prefeito de Cuiabá a ter o mandato cassado desde o processo de redemocratização do país, em 1985, que permitiu eleição direta para prefeitos de capitais.

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O emedebista é alvo de uma Comissão Processante na Câmara de Vereadores que investiga possível infração político-administrativo após ter sido afastado do cargo por supostamente liderar uma organização criminosa que causou prejuízos financeiros, principalmente na área da Saúde.

Na representação criminal, o promotor de Justiça Carlos Roberto Zarour destacou que Emanuel é o líder após trabalho investigativo extrair vínculos entre as 19 operações em que ele figurou como alvo, além das investigações civis deflagradas no âmbito da Saúde Municipal.

Condutas similares praticadas pelos alvos foram destacadas pelo Núcleo de Ações de Competências Originárias (Naco), a partir da identificação de que eles tinham atuação repetida em investigações por fatos diferentes, com formas de atividade e sustentação política e econômica que dava base ao grupo, “cuja finalidade específica é a sangria dos cofres públicos através de benefícios ilícitos”, anotou o representante ministerial.

No entanto, três dias depois, o ministro Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), concedeu liminar suspendendo a cautelar que afastou o emedebista. Conforme o ministro, é prudente evitar o afastamento do exercício do mandato eletivo pelo menos até que se tenha uma definição da Quinta Turma, foro competente para a análise das imputações.

Apesar do alívio no judiciário, Emanuel virou alvo de uma Comissão Processante na Câmara de Cuiabá, após 16 tentativas nos últimos três anos. Ele viu sua base numérica e fiel se esfarelando depois de tantas operações policiais e afastamento.

Com o início do processo de redemocratização do país, após o regime militar, o primeiro prefeito eleito foi Dante de Oliveira, em janeiro de 1986. Antes os chefes do Executivos municipais eram nomeados pelo governador. Ele se afastou do cargo após cinco meses para a função de ministro da Reforma Agrária no governo do então presidente José Sarney. No entanto, em menos de um mês retornou ao comando do Palácio Alencastro.

Quatro anos depois, Frederico Campos retornou à prefeitura, desta vez pela eleição direta. A primeira vez, em 1967, ele havia sido nomeado pelo então governador de Mato Grosso, Pedro Pedrossian. 

Em 1992, Dante foi reeleito prefeito, mas deixou o cargo um ano depois após pedir renúncia para concorrer a governador. O vice-prefeito José Meirelles concluiu o mandato. Em seguida, ocuparam a chefia do Alencastro Roberto França (1997 a 2005), Wilson Santos (2005 a 2010), Chico Galindo (2010 a 2013), Mauro Mendes (2013 a 2017) e desde de janeiro de 2017 o cargo é ocupado por Emanuel Pinheiro, que foi reeleito em 2021.

Diferente de seus antecessores, Emanuel é o primeiro que está vivendo uma “tempestade” e instabilidade. Durante seu mandato, a prefeitura foi alvo de diversas operações, sendo a maioria na saúde, e foi afastado por determinação judicial por duas vezes.