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Domingo, 12 de maio de 2024

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investimento de R$ 5,5 mi

Projeto visa conservar imóveis no centro histórico de Cuiabá através de moradias populares

Foto: Ana Frigieri

Projeto visa conservar imóveis no centro histórico de Cuiabá através de moradias populares
O centro histórico de Cuiabá vem sendo foco de debates sobre a falta de segurança e preservação do espaço que representa as origens da capital. Apesar de inúmeras iniciativas públicas tentarem revitalizar o centro, nenhuma teve êxito. Entretanto, um novo projeto pretende trazer uma política de habitação e conservação para os imóveis mais degradados, algo inédito na cidade.


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Lançado em fevereiro deste ano, o projeto Canteiro-Modelo de Conservação em Cuiabá é resultado de Termo de Execução Descentralizada (TED) firmado entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). 

Com investimento de R$ 5,5 milhões, a iniciativa visa oferecer assistência técnica gratuita de serviços de arquitetura e engenharia, desde projetos até obras de conservação para famílias de baixa renda.

Sendo uma política de habitação em conjunto com uma política de patrimônio, o objetivo é oferecer moradia de interesse social no centro da cidade, ao mesmo tempo em que garante que o espaço seja preservado pelos moradores que estão ocupando esses imóveis. Também será oferecido oficinas de capacitação e formação de mão de obra qualificada para trabalhar em obras de conservação e restauro.

Ao Olhar Direto, a coordenadora do projeto, e também professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFMT, Luciana Mascaro, disse que é uma inciativa indispensável para a conservação do centro histórico.

“É um projeto muito acertado em termos de política porque ele trata de moradia, trabalhar no sentido de trazer as pessoas para morar no centro, isso com certeza é um aspecto que vai ajudar muito no que diz respeito tanto à conservação como na movimentação daquele lugar. É benéfico para todo mundo, para o comércio, para todas as atividades que estão ali. Então, a gente precisa ter moradias nesse lugar. É o básico, a gente não consegue mais pensar em tratar esse centro sem pensar em ter moradia”, declara Mascaro.

Alguns critérios foram estabelecidos para quem pode ser beneficiado pelo projeto, como o Canteiro-modelo está associado à lei 11.888, de assistência técnica, que garante serviço de arquitetura gratuito pra pessoas que recebem até três salários mínimos, esse é o primeiro requisito.

Pessoas que estão em condições de vulnerabilidade social, que recebem benefícios como o bolsa-família, que possuem algum tipo de deficiência, idosos e mulheres que sejam a chefe de família, terão prioridade na seleção que teve o primeiro plantão de cadastramento nessa última semana, no Museu de Imagem e Som de Cuiabá (MISC).



As edificações priorizadas para o restauro serão aquelas que estão nas piores condições. Imóveis que possuem risco de incêndio, desmoronamento, com poucas unidades sanitárias e casos de coabitação. A previsão é que, ainda este ano, um imóvel seja restaurado.

A arquiteta urbanista e pesquisadora associada do projeto, Ana Frigieri, analisa que as habitações de interesse social são quase que exclusivamente produzidas nas periferias, e que a reocupação do centro pode proporcionar uma qualidade de vida melhor para as pessoas que necessitam dessas habitações, uma vez que já é uma área urbanizada, próximo a serviços públicos e fontes de trabalho.

Frigieri também apresenta uma outra visão para os casarões abandonados. “Quando a gente pensa no centro, pensamos sempre nos casarões, mas o que a gente entende hoje é que o importante não são só os casarões, porque os casarões abandonados vão naturalmente se deteriorando e eles vão desaparecendo. O importante é a gente ter a relação entre as pessoas que estão vivendo, as pessoas que estão morando, as pessoas que estão circulando, que fazem festas, que têm a sua vida. Então, não podemos separar esses raciocínios, pensar no patrimônio só no patrimônio arquitetônico, não faz mais sentido pensar dessa forma. Estamos pensando no material e no e imaterial, e através desse projeto a gente consegue trabalhar as duas coisas”, reforça a pesquisadora.



A expectativa é que o projeto seja um “ponta pé inicial”, que ele abra possibilidades para uma política contínua tanto para habitação de interesse social, quanto de preservação do centro histórico. Também é uma oportunidade de discutir com gestores públicos uma futura ação coordenada.

“Esperamos que os resultados sejam positivos, que seja um início dessa possibilidade de reocupar, reabitar e dar condições para essas edificações que estão lá em estado de abandono ou de subutilização, que elas tenham condições de permanecer atendendo todas as necessidades que a sociedade tem”, finaliza a coordenadora do projeto.

É possível ter mais informações sobre o Projeto Canteiro-modelo de conservação em Cuiabá (MT) pelo @canteiro.cuiaba no Instagram ou no e-mail proj-canteiromt.faet@ufmt.br 
 
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