A médica mato-grossense Renata Fontoura, de 25 anos, que teve 70% do corpo queimado após uma explosão de gás em um condomínio de Campos do Jordão (SP), ainda segue em tratamento, mesmo um ano após o fatídico dia do acidente, 22 de abril de 2023. Ao todo, foram 144 dias internada no Hospital Nove de Julho, com inúmeros procedimentoscirúrgicos. Em nenhum momento, a jovem foi procurada por responsáveis pelo condomínio.
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Médica de MT é uma das vítimas atingidas por explosão de gás em condomínio no interior de SP
Ao
Olhar Direto, a jovem conta sobre o ocorrido e a falta de apoio dos responsáveis pelo condomínio Saint Etienne, que possuí 32 apartamentos. Renata foi a vítima mais atingida pela explosão, pois ocorreu na unidade onde se hospedava, junto com o namorado.
A médica conta que na ocasião passou o dia fora, e retornou para a hospedagem no final da tarde. Ao chegar, ela ficou conversando enquanto bebia um vinho no andar de baixo. Seu namorado à época, Talles, estava cansado e foi para o quarto. Nisso, a jovem ficou conversando com a mãe pelo telefone. Depois, ela resolveu cozinhar um risoto para o jantar.
“Quando desliguei a ligação com minha mãe fui começar a cozinhar, e no momento que apertei o botão do fogão que era automático, acredito ter sido essa a faísca elétrica que levou a explosão. Em momento algum sentimos cheiro de gás, acredito que devido ao tempo que já estávamos ali”, contou Renata.
A jovem foi arremessada com a forte explosão, e ficou em meio aos escombros. Ela teve queimaduras de 1º e 2º grau por todo o corpo. O namorado saiu ileso. Outras três pessoas ficaram feridas. Todos os apartamentos foram impactados. Ao todo, 42 pessoas estavam no condomínio no momento da explosão.
Segundo relato de uma socorrista do Samu, que não quis se identificar à imprensa local, uma inquilina do apartamento vizinho à explosão teria avisado o zelador por duas vezes do forte cheiro de gás vindo da residência ao lado.
Após o acidente, Renata ficou internada, passando pelos diversos procedimentos, como enxertos de pele e desbridamentos. Foram inúmeras infecções e durante a internação, ela teve um choque onde foram perdidos alguns enxertos já feitos. Também sofreu com pneumonia e neuropatia do paciente crítico.
“Atualmente, mesmo um ano depois ainda estou em tratamento, como o uso de malhas compressivas em todo o corpo 24h por dia. Fisioterapia, massagens, laser e outros tratamentos dermatológicos”, afirmou Renata.
Para a jovem, relembrar o acidente ainda é difícil, principalmente no mês de abril, que trouxe inúmeras lembranças e vivências da tragédia. O tratamento pós alta hospitalar também a faz relembrar todos os dias do que ocorreu.
Renata nunca foi procurada pelos responsáveis pelo condomínio Saint Etienne. Ela conta que precisou ir atrás deles para algumas informações. “Com muito custo me responderam, porém, nem o condomínio e nem o dono do apartamento nunca me procuraram ou quiseram saber se eu precisava de qualquer coisa. Donos de outros apartamentos e pessoas que estavam no acidente fizeram contato, porém os responsáveis por essa tragédia jamais”, conta.
A Polícia de São Paulo investiga o acidente, mas a médica não soube informar de houve conclusão. Ela foi convocada para dar depoimento recentemente.
Questionada se pensa em entrar judicialmente contra os responsáveis pelo condomínio, a jovem disse que ainda não. “Foi extremamente delicado o período da minha internação, tanto para mim quanto para minha família. Sendo bem franca, não tínhamos tempo e nem cabeça para pensar nisso naquele momento. Foi uma mudança muito drástica, fui fazer um passeio em um feriado que mudou todo o curso da minha vida. Completamente. Pós alta hospitalar estou me dedicando a recuperação e também a retomar minha vida aos poucos”, disse.
