A vereadora do Rio de Janeiro Clarissa Garotinho, filha do ex-governador Anthony Garotinho (PR), cedeu às pressões do PMDB e se desfiliou do partido nesta terça-feira. Clarissa disse que está sendo perseguida politicamente pelo partido desde que seu pai deixou a legenda, em junho, para ser candidato ao governo do Estado pelo PR. Ela vai se filiar ao PR amanhã.

Clarissa já estava suspensa do PMDB por decisão do Diretório Estadual. O principal motivo foi o fato de ela contrariar a orientação do partido ao defender a candidatura de seu pai ao governo do Rio. Com consequência, ela teve de deixar todos os cargos que ocupava no partido, entre eles a liderança da bancada na Câmara Municipal.

Hoje a vereadora contou que foi o presidente do PMDB do Rio, deputado estadual Jorge Picciani, que sugeriu que ela se desfiliasse. Segundo ela, Picciani garantiu que o partido não vai reivindicar o seu mandato na Justiça Eleitoral.

"Fui suspensa [do partido] de uma hora para outra, sem ser informada oficialmente e sem direito de defesa. Não tem clima para continuar", afirmou.

Clarissa disse que foi colocada entre a "cruz e a espada" ao ter que escolher entre a candidatura à reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB) e a de Garotinho.

"O Picciani disse assim: 'a gente quer que você saia. Se você ficar, tem que apoiar o Cabral. Como fazer campanha para um político se meu pai também é candidato? Ele é o meu pai, e minha família está em primeiro lugar. Não tenho condições de fazer campanha para o Cabral. O PMDB deveria entender e não me perseguir por isso", afirmou.

A vereadora disse que tomou a decisão de se desfiliar hoje e, por isso, não teve tempo de preparar nenhuma cerimônia de filiação ao PR. Clarissa também afirmou que não pretende se candidatar nas eleições de 2010. "Vou cumprir o meu mandato de vereadora", disse.

A reportagem procurou Picciani para comentar a decisão de Clarissa mas até a publicação desta reportagem não obteve retorno.